O Estado de São Paulo, n. 45271, 15/09/2017. Economia, p. B6.

 

Prévia do PIB tem alta de 0,41% e indica retomada

Fabrício de Castro

15/09/2017

 

 

Índice que serve de referência para avaliar ritmo da economia, IBC-Br animou economistas do mercado financeiro, que preveem crescimento acima de 0,5% no ano

 

 

A economia brasileira manteve-se em trajetória de crescimento no início do segundo semestre, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central. O Índice de Atividade (IBC-Br) medido pela instituição avançou 0,41% em julho, já descontados os efeitos sazonais, e atingiu o maior nível desde dezembro de 2015.

Conhecido como uma “prévia do PIB”, o IBC-Br serve como referência para avaliação do ritmo da economia brasileira. O indicador subiu de 135,06 para 135,62 pontos de junho para julho, no segundo avanço mensal consecutivo. Em 2017 até julho, a atividade cresceu 0,14%, na série sem ajustes sazonais.

Economistas do mercado financeiro avaliaram que os números do BC reforçam a ideia de que o País está em processo de retomada, embora o ritmo ainda seja lento.

“Existe clara tendência de retomada, mas ela ainda acontece de forma muito gradual”, disse o economista-chefe da Parallaxis Consultoria, Rafael Leão. “Houve um esforço no primeiro semestre, com números bons, impulso do PIB da agropecuária, liberação do FGTS e melhora do consumo. Essa alta de 0,14% do IBC-Br no ano é muito pouco em relação às perdas passadas”, acrescentou. Para ele, ainda não há elementos que permitam estimar um crescimento de 1% do PIB em 2017.

Oficialmente, o governo trabalha com estimativa de crescimento de 0,5% do PIB em 2017. Nas últimas semanas, porém, os economistas do mercado têm demonstrado maior otimismo com a atividade econômica. No Relatório de Mercado Focus, que traz uma compilação das projeções das instituições financeiras, a expectativa média de alta do PIB este ano está em 0,60%. Mas já há casas estimando avanço de 0,93%.

“Fiquei um pouco desanimado com o resultado da pesquisa de serviços, mas o IBC-Br veio melhor, indicando que a recuperação da economia está em curso. A dúvida é saber em que ritmo isso se dará”, afirmou o economista Bernard Gonin, da Rio Gestão de Recursos. A Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada na quarta-feira pelo IBGE, mostrou queda de 0,8% no volume de serviços prestados em julho, depois de alta de 1,3% em junho.

Para Gonin, se a retomada seguir na atual velocidade, o PIB pode crescer 0,8% em 2017. “Há claros sinais de retomada do consumo, e a tendência é continuar assim. Os dados do mercado de trabalho estão melhorando. Tanto a renda quanto o volume de vagas adicionais estão mais favoráveis, ainda que esteja ocorrendo aumento de postos informais”, disse.

 

Histórico. Apesar da retomada recente, a atividade econômica no Brasil está longe dos melhores momentos, registrados antes do início da recessão de 2015 e 2016. No pico da série histórica, o IBC-Br chegou a marcar 148,75 pontos em dezembro de 2013 – ainda no primeiro governo de Dilma Rousseff.

Em 2014, ano eleitoral, o indicador se sustentou acima dos 140 pontos. Em 2015 e 2016, no entanto, o IBC-Br despencou, em um ambiente de crise econômica, desemprego e redução da renda. Agora, o indicador sugere que a economia começa a reacelerar. “Esperamos aceleração da atividade econômica no quarto trimestre, consistente com nossa projeção de expansão de 0,7% do PIB neste ano”, disseram os economistas do Bradesco, em nota a clientes. / COLABOROU MARIA REGINA SILVA

 

PARA LEMBRAR

Outros indicadores divulgados nesta semana trazem sinais da recuperação, ainda que lenta, da economia brasileira. As vendas no varejo tiveram alta de 3,1% em julho em relação ao mesmo mês de 2016. O trabalho com carteira assinada teve queda no ritmo de demissões, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). E os financiamentos de carros novos subiram 15,4% no mês passado ante igual período de 2016.