Correio braziliense, n. 19872, 19/10/2017. Política, p. 03.

 

Guerra no PSB

Paulo de Tarso Lyra e Guilherme Mendes

19/10/2017

 

 

Em mais um capítulo da profunda divisão interna na bancada do PSB na Câmara, os socialistas que fazem oposição ao governo conseguiram as 19 assinaturas necessárias e destituíram a deputada Tereza Cristina (MS) da liderança da bancada. No lugar, assumiu o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que impediu as trocas de nomes do partido na CCJ e assegurou os quatro votos contrários ao relatório do deputado Bonifácio de Andrada.

A executiva nacional do partido, presidida por Carlos Siqueira, marcou para a última segunda-feira uma reunião para votar a expulsão dos dissidentes. Mas um dos alvos da punição, o deputado Danilo Fortes (PSB-CE) conseguiu uma liminar judicial e transferiu para a próxima semana uma nova reunião.

A briga do PSB envolveu o Planalto. Em edição extra no Diário Oficial da União de ontem, dois ministros foram exonerados para que retomassem seus cargos na Câmara e votassem contra a denúncia. O ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), e o das Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho (PSB), deveriam retornar aos cargos, mas apenas Fernando teria reavido a vaga de deputado. O suplente de Jungmann na CCJ é do PSB.

A manobra animou os dissidentes, que, na véspera, tinham apenas 15 assinaturas necessárias para a troca no comando da bancada. Eles negociavam com os governistas do PSB a redação de cartas, assinadas por Siqueira, liberando os infiéis para que deixassem o partido sem terem os mandatos ameaçados pela lei da fidelidade partidária.

Siqueira concordava em dar seis cartas. O grupo queria 12. “Não dá, tem gente ali que não tem nenhum problema em relação a essa votação e está apenas preocupado em deixar o partido sem ter que obedecer à lei da fidelidade”, avisou Delgado.