SÉRGIO ROXO
“Existia uma chance pequena (de aliança com o PT e com Lula). Agora, posso dizer que esse não será o caminho do PSB”
Júlio Delgado
Líder do PSB na Câmara
Apesar de ter manifestado solidariedade a Lula antes do julgamento, o PCdoB e o PSOL estão dispostos a ter candidatos próprios na disputa deste ano. O PDT também já está com a candidatura de Ciro Gomes nas ruas. Na tentativa de romper o isolamento, o PT vinha cortejando o PSB para reeditar uma aliança que esteve em vigor até a disputa presidencial de 2014. As cúpulas dos dois partidos chegaram a se reunir em novembro.
— Existia uma chance pequena (de se aliar com Lula), forçada pelas composições regionais basicamente no Nordeste. Agora, posso dizer que esse não será o caminho do PSB. Qualquer partido que queira se aliar ao PT sabe que é uma aliança de grande risco — afirmou o líder do partido na Câmara, Júlio Delgado (MG).
Na avaliação do líder do PSB, não há dúvida de que Lula será enquadrado na Lei da Ficha Limpa e impedido de concorrer.
Procurado para comentar os impactos da decisão do TRF de condenar Lula na costura de alianças, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que este não é momento de tratar de alianças para a disputa a presidencial. Isso, segundo ele, só se dará em março.
A costura de alianças para a candidatura do petista já vinha enfrentando dificuldades. Um aliado histórico, o PCdoB, que esteve com o PT em todas disputas presidenciais desde a redemocratização, anunciou no ano passado que a deputada estadual Manuela d´Ávila, do Rio Grande do Sul, vai concorrer ao Planalto. Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoBSP), além da candidatura de Lula, sub judice, há três outros candidatos do campo de esquerda na disputa deste ano, inclusive o nome apresentado pelo PCdoB.
— Essa decisão do TRF potencializou a indefinição e a incerteza na cena política brasileira. O PSOL não vai deixar de ter candidato, o Ciro não vai deixar de ser candidato e a Manuela não vai deixar de ser candidata — afirmou o deputado Orlando Silva, que foi ministro de Lula e um de seus principais defensores. Reservadamente, dirigentes do PCdoB vinham afirmando que poderiam retirar candidatura própria se a situação jurídica de Lula se resolvesse. Os comunistas não querem ficar reféns de um plano alternativo do PT, como o ex-governador Jaques Wagner ou o ex-prefeito Fernando Haddad.
ATÉ BOULOS PODE ABANDONAR
Um outro aliado de Lula que pode se lançar na disputa presidencial nos próximos meses é o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. Ele foi convidado para se filiar ao PSOL, mas ainda não deu a resposta. Um dos pontos que seria analisado por Boulos é a situação jurídica da candidatura de Lula.
— Meu palpite é que o Boulos vai consolidar a sua candidatura por causa da instabilidade da conjuntura — afirma Orlando Silva.
Se for confirmado o cenário projetado no momento, Lula pode ser inscrito pelo PT no dia 15 de agosto para disputar a Presidência da República, pela primeira vez em seis disputas, sem nenhuma partido aliado.