O globo, n.30839 , 12/01/2018. PAÍS, p.4

PF vê falha humana em acidente com Teori

VINICIUS SASSINE

 

 

Investigação está perto de ser concluída e já descarta sabotagem

Não há indícios de sabotagem ou qualquer “ato intencional”, e a falha humana é a provável causa principal do acidente aéreo que matou o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, em 19 de janeiro do ano passado, em Paraty (RJ).

Esse é o resultado da investigação da Polícia Federal (PF) sobre o caso, levado ontem à presidente do STF, Cármen Lúcia, pelo delegado que conduz o inquérito, Rubens Maleiner. Teori era o relator dos casos da Lava-Jato no Supremo, e foi substituído pelo ministro Edson Fachin após o acidente.

A investigação da PF ainda não foi totalmente concluída, mas está em “estágio bastante avançado”, segundo Maleiner, e dificilmente trará conclusões diferentes das apresentadas ontem. Teori, que estava de férias na ocasião, viajava num avião turboélice com capacidade para oito pessoas, pertencente ao empresário Carlos Alberto Fernandes, também a bordo. Morreram ainda o piloto, Osmar Rodrigues, a massoterapeuta Maíra Panas e sua mãe, Maria Hilda Panas.

Desde o começo das investigações, a perda de orientação do piloto (o avião caiu após uma das asas se chocar com a água, durante uma manobra de aproximação da pista de pouso), possivelmente influenciada pela falta visibilidade em função do tempo fechado, era apontada como possível causa. A aeronave havia decolado do Campo de Marte, em São Paulo, e caiu no mar, a dois quilômetros da cabeceira da pista em Paraty.

— Sobre a possibilidade de um ato intencional, nenhum elemento foi encontrado nesse sentido. Isso foi bastante explorado em diversos exames periciais e atos investigatórios diversos, e nenhum elemento nesse sentido foi encontrado, pelo contrário. Os elementos apontam para um desfecho de que não foi intencional — afirmou aos jornalistas o delegado Maleiner, após a reunião com a presidente do Supremo.

O delegado lembrou que a investigação da Polícia Federal foi aberta para identificar eventuais responsáveis pelo acidente que matou Teori e que corre em paralelo à investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), da Aeronáutica. O Cenipa investiga com a finalidade de prevenção de novos acidentes.

— Ainda dependemos de perícias para fechar as posições mais efetivas. São analisados conjuntos de fatores, como as condições meteorológicas, o trajeto adotado pela aeronave, a altura em que estava, e cotejados com as regras do tráfego aéreo e condições de voo visual e por instrumento. A linha principal da investigação é falha humana — completou o delegado, que esteve acompanhado pelo diretor-geral da PF, Fernando Segovia, no encontro de ontem com a ministra Cármen Lúcia.

Ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Teori Zavascki foi indicado ao Supremo pela ex-presidente Dilma Rousseff, em 2012. Ele foi substituído por Alexandre de Moraes, ex-ministro da Justiça, e o primeiro integrante do Supremo a ter sido indicado pelo presidente Michel Temer.