O Estado de São Paulo, n. 45300, 27/10/2017. Economia, p.B3

 

 

 

 

 

 

Temer tenta fazer pacto com Maia

Com menos apoio político, presidente depende mais de Rodrigo Maia para aprovar projetos polêmicos antes das eleições do ano que vem

 

Vera Rosa / BRASÍLIA

 

Um dia depois de conseguir salvar o seu mandato, o presidente Michel Temer deu sinais de que fará um pacto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para emplacar uma agenda de reformas consideradas necessárias na retomada do crescimento econômico. Com menos apoio político, Temer sabe que, após o plenário da Câmara rejeitar a segunda denúncia criminal contra ele, depende agora de Maia para aprovar projetos polêmicos antes das eleições de 2018.

Maia foi ontem ao Palácio do Planalto e participou de uma cerimônia ao lado de Temer, na qual a Caixa destinou R$ 652 milhões para obras no Rio. Antes, ele recebeu na residência oficial os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento).

Temer pediu aos ministros para acertarem com o deputado um modelo que permita enxugar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre a Previdência. As mudanças devem se resumir à fixação de uma idade mínima para a aposentadoria (65 anos para homens e 62 para mulheres) e à quebra de privilégio de servidores.

Deputados da base aliada desaconselharam Temer a mexer com essa reforma agora, sob a alegação de que nenhuma “maldade” será aprovada em ano pré-eleitoral. A votação de quarta mostrou que o governo não tem os 308 votos necessários na Câmara para aprovar uma PEC.

O presidente, porém, acha que é possível fazer mudanças, mesmo que menores. O Planalto também combinou com Maia uma ofensiva para aprovar a simplificação tributária. “Vamos ver o que conseguimos aprovar. Não será fácil nem simples”, disse ele.

Questionado pelo Estado sobre a possibilidade de ser “primeiro ministro” de um governo sem força, Maia abriu um sorriso. “Eu já sou articulador político, mas não dá para fazer um modelo híbrido num sistema presidencialista como o nosso”, afirmou. “O Brasil vive uma crise profunda e acredito que a Câmara terá um papel relevante para sairmos da crise.”

Maia não abre mão, porém, de investir em projetos sociais que dizem respeito à segurança pública e à geração de empregos. O deputado é candidato à reeleição pelo Rio.

“Rezo para Maia ser iluminado, porque só assim vamos aprovar a Previdência, a tributária e mexer com a segurança”, disse Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara.

 

AS PRIORIDADES DE CADA UM

• Agenda de Rodrigo Maia

- Reforma da Previdência mais enxuta, com foco em idade mínima e regras para servidores; admite votar só o que pode ser aprovado por projeto de lei

- Simplificação do sistema tributário

- Projeto que libera Petrobrás a vender até 70% das áreas da cessão onerosa da Bacia de Santos

- Reserva de uma semana em novembro para votar apenas projetos de segurança pública

- Projeto parcela em cinco vezes último reajuste de planos de saúde para idosos após 60 anos - Quer que pacote fiscal seja enviado por projeto de lei

 

• Agenda do governo

- Texto completo da reforma da Previdência aprovado pela comissão especial

- Negocia simplificação tributária

- Adiamento do reajuste do funcionalismo para janeiro de 2019 e aumento da alíquota previdenciária dos servidores de 11% para 14%; quer enviar por MP