O Estado de São Paulo, n. 45297, 24/10/2017. Política, p. A4.

 

Com base de apoio menor, Temer libera R$ 829

Daiene Cardoso / Igor Gadelha / Isadora Peron / Vera Rosa

24/10/2017

 

 

Acusação. Planalto avalia ter cerca de 240 votos na Câmara contra denúncia e faz esforço de nomeações e quitação de emendas para ampliar placar e manter a governabilidade na Casa

 

 

À véspera da votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara, a “tropa de choque” do governo avaliava ontem ter garantidos 240 votos e trabalhava para conseguir um placar que chegue ao menos aos 263 obtidos no primeiro resultado. A estratégia do Palácio do Planalto, a exemplo da acusação por corrupção passiva, tem sido usar a liberação de emendas parlamentares e a nomeação de afilhados políticos em cargos no segundo e terceiro escalões do Executivo para conquistar mais votos.

Desde 14 de setembro, quando a Procuradoria-Geral da República apresentou a denúncia por organização criminosa e obstrução da Justiça contra Temer, o governo liberou R$ 829 milhões em emendas. Do valor total previsto para este ano, R$ 6,8 bilhões, o Planalto ainda tem cerca de R$ 1,6 bilhão para transferir aos parlamentares.

Os esforços dos articuladores políticos do governo estão concentrados no convencimento de um grupo de 30 a 40 deputados da base que ameaçam votar contra o peemedebista.

O governo está com dificuldades mesmo dentro PMDB. Diferentemente da primeira votação, nem o partido do presidente deve fechar questão para obri- gar seus deputados a votarem pela rejeição da denúncia. Partidos do Centrão, como PR e PSD, também não vão adotar essa medida. O fechamento de questão pode implicar punição a quem não seguir a orientação do partido.

‘Cumprimento’. Um placar maior desta vez é considerado essencial por aliados para que Temer mantenha a governabilidade e não perca o comando da agenda no Legislativo para o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Embora aliado, Maia tem se distanciado do Planalto e sinalizado que pretende adotar uma pauta mais independente.

“Já temos nove votos contra o presidente que são irrecuperáveis. Se vai ter mais votos ou não contra vai depender do cumprimento ou não da liberação ( das emendas parlamentares). Se o governo não cumprir, pode ter problema”, afirmou o líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA).

Líder do governo no Congresso, o deputado André Moura (PSC-SE) reconheceu que o ritmo da liberação desses recursos, considerados essenciais para que deputados façam obras em seus redutos, tem sido foco de reclamação de integrantes da base. “Não são ( deputados) contra o governo, eles só querem dinheiro para realizar uma determinada obra”, disse o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP).

Banco do Nordeste. O governo também opera com a distribuição de cargos. O Planalto prometeu ao deputado Ronaldo Carletto (PP-BA) nomear um aliado do parlamentar baiano para um posto no Banco do Nordeste. A expectativa é de que a nomeação saia até amanhã, dia da votação. Em troca, o deputado votaria a favor de Temer. Na primeira denúncia contra o presidente, Carletto não participou da votação.

A decisão do governo é retaliar os deputados contrários a Temer na votação da segunda denúncia. Os infiéis perderão cargos e não terão qualquer apoio nas eleições de 2018.

A avaliação do Planalto é de que o placar de amanhã representará o mais importante teste de fidelidade da base e servirá para medir com quem o governo pode contar de agora em diante. “Traidor é traidor e merece outro tratamento”, disse o deputado Carlos Marun (PMDB-RS), relator da CPI da JBS, integrante da “tropa de choque” governista.

A maior incógnita da votação, para o Planalto, está na bancada do PSDB. Em agosto, na votação da primeira denúncia apresentada pelo então procuradorgeral Rodrigo Janot contra Temer, por corrupção passiva, os tucanos se dividiram.

Na ocasião, 22 deputados do PSDB foram a favor do arquivamento da acusação, mas 21 se posicionaram pelo prosseguimento da denúncia no Supremo Tribunal Federal. Agora, a aposta é de que o placar na bancada tucana será de 24 votos pró-Temere 21 contra.

À véspera da votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara, a “tropa de choque” do governo avaliava ontem ter garantidos 240 votos e trabalhava para conseguir um placar que chegue ao menos aos 263 obtidos no primeiro resultado. A estratégia do Palácio do Planalto, a exemplo da acusação por corrupção passiva, tem sido usar a liberação de emendas parlamentares e a nomeação de afilhados políticos em cargos no segundo e terceiro escalões do Executivo para conquistar mais votos.

Desde 14 de setembro, quando a Procuradoria-Geral da República apresentou a denúncia por organização criminosa e obstrução da Justiça contra Temer, o governo liberou R$ 829 milhões em emendas. Do valor total previsto para este ano, R$ 6,8 bilhões, o Planalto ainda tem cerca de R$ 1,6 bilhão para transferir aos parlamentares.

Os esforços dos articuladores políticos do governo estão concentrados no convencimento de um grupo de 30 a 40 deputados da base que ameaçam votar contra o peemedebista.

O governo está com dificuldades mesmo dentro PMDB. Diferentemente da primeira votação, nem o partido do presidente deve fechar questão para obrigar seus deputados a votarem pela rejeição da denúncia. Partidos do Centrão, como PR e PSD, também não vão adotar essa medida. O fechamento de questão pode implicar punição a quem não seguir a orientação do partido.

 

‘Cumprimento’. Um placar maior desta vez é considerado essencial por aliados para que Temer mantenha a governabilidade e não perca o comando da agenda no Legislativo para o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Embora aliado, Maia tem se distanciado do Planalto e sinalizado que pretende adotar uma pauta mais independente.

“Já temos nove votos contra o presidente que são irrecuperáveis. Se vai ter mais votos ou não contra vai depender do cumprimento ou não da liberação ( das emendas parlamentares). Se o governo não cumprir, pode ter problema”, afirmou o líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA).

Líder do governo no Congresso, o deputado André Moura (PSC-SE) reconheceu que o ritmo da liberação desses recursos, considerados essenciais para que deputados façam obras em seus redutos, tem sido foco de reclamação de integrantes da base. “Não são ( deputados) contra o governo, eles só querem dinheiro para realizar uma determinada obra”, disse o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP).

 

Banco do Nordeste. O governo também opera com a distribuição de cargos. O Planalto prometeu ao deputado Ronaldo Carletto (PP-BA) nomear um aliado do parlamentar baiano para um posto no Banco do Nordeste. A expectativa é de que a nomeação saia até amanhã, dia da votação. Em troca, o deputado votaria a favor de Temer. Na primeira denúncia contra o presidente, Carletto não participou da votação.

A decisão do governo é retaliar os deputados contrários a Temer na votação da segunda denúncia. Os infiéis perderão cargos e não terão qualquer apoio nas eleições de 2018.

A avaliação do Planalto é de que o placar de amanhã representará o mais importante teste de fidelidade da base e servirá para medir com quem o governo pode contar de agora em diante. “Traidor é traidor e merece outro tratamento”, disse o deputado Carlos Marun (PMDB-RS), relator da CPI da JBS, integrante da “tropa de choque” governista.

A maior incógnita da votação, para o Planalto, está na bancada do PSDB. Em agosto, na votação da primeira denúncia apresentada pelo então procurador-geral Rodrigo Janot contra Temer, por corrupção passiva, os tucanos se dividiram.

Na ocasião, 22 deputados do PSDB foram a favor do arquivamento da acusação, mas 21 se posicionaram pelo prosseguimento da denúncia no Supremo Tribunal Federal. Agora, a aposta é de que o placar na bancada tucana será de 24 votos pró-Temere 21 contra.

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Oposição vê problemas em biometria nas urnas

24/10/2017

 

 

O presidente da Assembleia Legislativa da Venezuela, Julio Borges, denunciou ontem irregularidades que teriam custado à coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) 1,6 milhão de votos nas eleições legislativas da semana passada. De acordo com Borges, houve um problema no sistema de captação biométrica desses eleitores, grande parte deles em áreas que tradicionalmente votam na oposição.

“Não é um número pequeno, isso pode ter afetado o resultado final da eleição”, disse Borges. O deputado pediu uma auditoria das atas de votação e dos registros biométricos da eleição. No sábado, Borges anunciou que ele e outros deputados opositores farão uma excursão internacional para denunciar em vários organismos a fraude eleitoral nas últimas eleições.