Correio braziliense, n. 19971, 27/01/2018. Economia, p. 7
Hamilton Ferrari e Rosana Hessel
27/01/2018
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Novo leilão do pré-sal
Simone Kafruni
27/01/2018
O governo pretende arrecadar, pelo menos, R$ 1 bilhão em bônus de assinatura com o leilão de 70 blocos de exploração de petróleo. Ontem, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicou editais e modelos de contrato da 15ª Rodada de Licitações, prevista para 29 de março, com oferta de blocos nas bacias sedimentares marítimas do Ceará, Potiguar, Sergipe-Alagoas, Campos e Santos, e nas bacias terrestres do Parnaíba e do Paraná, totalizando 95,5 mil km² de área. Os documentos passaram por consulta e audiência públicas em dezembro de 2017.
Conforme a agência, os blocos oferecidos foram selecionados em bacias “de elevado potencial e de novas fronteiras, com o objetivo de ampliar as reservas e a produção brasileira de petróleo e gás natural, aumentar o conhecimento sobre as bacias sedimentares, descentralizar os investimentos exploratórios, desenvolver a indústria petrolífera nacional e fixar empresas nacionais e estrangeiras no país”. O leilão será realizado em duas etapas, uma com os blocos marítimos e outra com os terrestres, cada qual com edital e modelo de contrato próprios.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, o edital mostra ao mercado que agora o país tem um calendário de concessões. “Está se confirmando a política de acelerar a produção do pré-sal com um ou mais leilões por ano. Daqui para a frente, as empresas poderão reservar dinheiro para fazer propostas”, avaliou. Segundo o especialista, os blocos marítimos serão disputados pelas grandes petrolíferas do mundo, como Shell, Total, Repsol, BP e, inclusive, a Petrobras. “Os terrestres interessam mais a empresas de médio porte. Isso vai incentivar as companhias menores a produzir”, afirmou.
Pires também comentou a medida da Petrobras, que ontem anunciou emissão US$ 2 bilhões em títulos no exterior (“global notes”) com vencimento em 2029 e juros de 5.75% ao ano. “A companhia continua na estratégia correta de alongar a dívida e negociar taxas menores. Isso dá credibilidade. A empresa está no caminho certo”, opinou.
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Antonio Temóteo
27/01/2018
Com o fim da recessão, os gastos de brasileiros no exterior voltaram a crescer em 2017. Dados do Banco Central (BC) divulgados ontem mostram que, no ano passado, turistas nacionais desembolsaram US$ 19 bilhões em viagens para outros países. O resultado é 31% superior ao registrado em 2016, quando essas despesas totalizaram US$ 14,4 bilhões. A tendência é de que esses desembolsos cresçam ao longo de 2018, com o processo de recuperação da economia brasileira.
Dados preliminares da autoridade monetária mostram que neste ano, até 24 de janeiro, os brasileiros já gastaram US$ 1,5 bilhão em viagens ao exterior. Com a manutenção do dólar em um patamar próximo de R$ 3,20 e o aumento da renda, a tendência é de que mais turistas façam a opção de conhecer outros países. Apesar da saída de recursos do país, o deficit em transações correntes do Brasil caiu para US$ 9,7 bilhões — o melhor resultado desde 2007, equivale a 0,48% do Produto Interno Bruto (PIB).
Investimentos
O saldo negativo foi coberto, com sobras, pelos US$ 70,3 bilhões de investimentos diretos no país. Para 2018, a projeção do BC é de deficit em transações correntes de US$ 18,4 bilhões. A tendência de crescimento no saldo negativo está relacionada ao processo de recuperação da economia, explicou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha. Segundo ele, com o crescimento mais acelerado, empresários e investidores demandarão maior volume de serviços estrangeiros.
A avaliação da economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara, vai na mesma direção, dada a recente dinâmica das contas externas. “O deficit externo vai crescer, mas será por um bom motivo, que é a recuperação da atividade econômica. Apesar da piora, os patamares de deficit ainda serão baixos, com menor pressão do lado real da economia sobre a taxa de câmbio”, disse.
Thaís destacou que o financiamento do deficit continuará sendo coberto pela entrada de investimentos diretos no país. Segundo a economista, em 2018, o país receberá, pelo menos, US$ 80 bilhões. “Esse é um patamar historicamente elevado. Os ativos brasileiros estão com preços atrativos e com boas perspectivas e maiores oportunidades de crescimento a longo prazo, impulsionando a captação de poupança externa”, comentou.