O globo, n. 30816, 20/12/2017. País, p. 7

 

Cabral é condenado pela 4ª vez e penas já somam 87 anos de prisão

Juliana Castro

20/12/2017

 

 

Ex-governador do Rio também foi denunciado pela 17ª vez na operação

Antes de terminar o ano, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) ganhou mais um processo e mais uma condenação para a conta. O juiz Marcelo Bretas condenou ontem o peemedebista a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. Essa é a quarta sentença contra Cabral, que agora tem penas que somam 87 anos. No dia anterior, Bretas aceitou uma nova denúncia contra o ex-governador, a 17ª dele na Lava-Jato.

Na sentença de ontem, o magistrado condenou a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo a 8 anos, também por lavagem. Adriana, que foi absolvida pelo juiz Sergio Moro no processo em que era ré na Justiça Federal de Curitiba, recebeu de Bretas a pena de 18 anos e 3 meses de prisão. Agora, suas condenações somadas chegam a 26 anos.

A ação que gerou a nova condenação do casal trata da lavagem de R$ 39,8 milhões no Brasil. Além de Cabral e Adriana, foram condenadas mais oito pessoas.

“Sérgio Cabral é o principal idealizador do audaz esquema de lavagem de dinheiro revelado nos presentes autos e que movimentou milhões no Brasil e no exterior. A magnitude de tal esquema impressiona, seja pela quantidade de dinheiro espúrio movimentado (milhões), seja pelo número de pessoas envolvidas na movimentação desses recursos”, afirmou o juiz.

Já na denúncia que foi aceita ontem, o ex-governador vai responder junto com o ex-secretário Wilson Carlos e mais três pessoas. O Ministério Público Federal diz que, de janeiro de 2007 a setembro de 2014, foram realizados aportes de R$ 18,1 milhões em favor da organização, em razão de contratos celebrados pela Fundação Departamento de Estradas e Rodagem do Rio de Janeiro (Funderj).

O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, disse que a condenação em mais um processo “segue a linha das sentenças anteriores do mesmo juízo, ao considerar delação premiada prova segura e capaz para uma sentença condenatória”. A defesa ingressará com novo pleito de suspeição do juiz.

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Gilmar solta empresários da área de Saúde no Rio

20/12/2017

 

 

Adriana Ancelmo deixa Benfica para cumprir prisão domiciliar

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, mandou soltar ontem a ex-primeira dama do Rio Adriana Ancelmo e outros dois presos preventivamente por ordem do juiz Marcelo Bretas em processos da Lava-Jato no Rio. Os empresários Miguel Skin e Gustavo Estellita, sócios em empresa de importação de equipamentos médicos e hospitalares, foram presos na Operação Fatura Exposta, acusados de pagar propina ao esquema de Sérgio Cabral em troca de contratos na área de Saúde do governo do Rio.

Eles estavam na cadeia desde abril. Gilmar substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares. Assim, os dois ficam proibidos de manter contato com os demais investigados e de deixar o país, devendo entregar os passaportes em até 48 horas. O ministro determinou ainda o recolhimento domiciliar no período noturno e nos fins de semana e feriados.

A defesa dos empresários disse que “as prisões eram ilegais, desproporcionais e desnecessárias”.

No mesmo dia em que foi condenada pela segunda vez na Lava-Jato, Adriana Ancelmo foi beneficiada pela decisão de Gilmar Mendes e deixou o presídio de Benfica, onde ficou por 26 dias.

Esta é a segunda vez que a mulher do ex-governador Sérgio Cabral deixa o presídio para cumprir prisão domiciliar em seu apartamento no Leblon, na Zona Sul do Rio. Adriana foi presa pela primeira vez em dezembro do ano passado, mas foi para casa em março deste ano. Na ocasião, ela recebeu o benefício do juiz Marcelo Bretas, porque seu filho mais novo com o ex-governador tem menos de 12 anos de idade.

Ela voltou a ser presa no último dia 23 de novembro por decisão dos desembargadores da 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). O Ministério Público Federal (MPF) sustentou então à Justiça que a prisão domiciliar de Adriana representava “enorme quebra de isonomia” em um universo de milhares de mães presas no sistema penitenciário sem igual benefício. A defesa argumentou que não há notícias de que, nesses oito meses em que esteve solta, Adriana esteja oferecendo qualquer perigo à sociedade.