O globo, n. 30909, 23/03/2018. País, p. 14

 

Meirelles admite deixar PSD se for candidato

Eliane Oliveira e Karla Gamba

23/03/2018

 

 

Temer volta a dizer que sua candidatura à reeleição ‘não é improvável’

-BRASÍLIA- Filiado ao PSD, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu ontem pela manhã, em entrevista à Super Rádio Piratininga, de São José dos Campos (SP), que pode trocar de partido, caso decida ser candidato à Presidência da República.

Meirelles lembrou que tem até o início de abril para tomar uma decisão. O último dia para o candidato que pretende disputar as eleições presidenciais estar filiado a um partido político ou trocar de legenda é 7 de abril, seis meses antes do pleito deste ano.

PSD PRÓXIMO A ALCKMIN

O PSD parece mais disposto a apoiar a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), embora o presidente do partido, Gilberto Kassab, afirme que o plano A da legenda é Meirelles.

— É uma decisão de fato pessoal. Também vou decidir a questão partidária, a que partido vou me filiar, caso eu decida me candidatar — afirmou.

Meirelles afirmou que está refletindo sobre seu futuro. Disse que, se desistir da candidatura, continuará no cargo de ministro até o fim de ano. Ele garantiu que tomará uma decisão com “seriedade e atenção”.

— Levo isso muito a sério e não me precipito. Não é uma coisa que faço sem pensar. Levo todos os lados em consideração. No início de abril, decido se me candidato e saio do cargo ou se continuo como ministro até o fim de 2018.

Também ontem, em entrevista à Rádio Caraíbas, de Irecê, na Bahia, o presidente Michel Temer disse que continua pensando na possibilidade de ser candidato nas próximas eleições e reafirmou que a hipótese “não é improvável”.

— Estou pensando nisso. Não é improvável, mas ainda estou pensando nesta matéria.

Na última terça-feira, após um almoço com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, no Palácio do Itamaraty, Temer admitiu pela primeira vez a possibilidade de disputar a reeleição. Na ocasião, o peemedebista disse que ainda não tinha tomado a decisão e que “o tempo diria”.

Temer e Meirelles disputariam o eleitorado do mesmo campo político. Quando admitiu a hipótese de concorrer às eleições de outubro, Temer foi questionado sobre uma eventual candidatura de seu ministro da Fazenda e sinalizou que iria conversar com ele.

— Tudo isso vai ser objeto de conversas, com o Meirelles, inclusive, que é uma grande figura — afirmou.

A base do governo Temer tem se dividido entre várias candidaturas, como a do governador de São Paulo, pelo PSDB, e a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pelo DEM.

ESTRATÉGIA DO PLANALTO

Temer tem dito que estrategicamente é bom que o maior número possível de aliados se coloque na corrida eleitoral, pois a pulverização enfraquece a candidatura do tucano Geraldo Alckmin. O governador de São Paulo deixou de contar com a simpatia do Planalto desde que se empenhou, nos bastidores, para que a bancada paulista votasse a favor das denúncias contra Temer, no ano passado.

O presidente também avalia que as diversas candidaturas podem confluir no futuro para o nome que se mostrar mais viável eleitoralmente. Até o momento, nenhum dos candidatos da base do governo ultrapassa os dois dígitos nas pesquisas.