O Estado de São Paulo, n.45466 , 11/04/2018. Política, p.A6

DENÚNCIA DIZ QUE AMIGOS OPERAVAM PROPINA PARA TEMER

Teo Cury

 

 

Acusação na ação que apura ‘quadrilhão’ do MDB afirma que Yunes e coronel Lima auxiliavam na arrecadação de recursos para o presidente

O Ministério Público Federal afirmou, em aditamento de denúncia, que o advogado e exassessor do Palácio do Planalto José Yunes e o coronel da reserva da Polícia Militar João Baptista de Lima Filho, o coronel Lima, auxiliavam integrantes do MDB na arrecadação de propina, em especial para o presidente Michel Temer.

Conforme a acusação formal, Yunes e o coronel Lima tinham o papel de auxiliar integrantes do núcleo político classificado como “quadrilhão” do MDB na Câmara na arrecadação de recursos. Eles foram incluídos na denúncia por organização criminosa aceita pelo juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12.ª Vara Federal em Brasília. O Planalto negou as acusações .

O aditamento ocorreu após a inclusão de anexos e de documentos relacionados à delação do doleiro Lúcio Funaro.

No inquérito, que tem origem no Supremo Tribunal Federal, também são investigados os ministros Moreira Franco (Minas e Energia) e Eliseu Padilha (Casa Civil), além dos ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.

A denúncia foi oferecida pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e foi barrada pela Câmara para Temer, Moreira e Padilha. Após a decisão dos deputados, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, desmembrou a acusação para que a parte que trata de pessoas sem foro privilegiado tramitasse na primeira instância.

Na acusação, a Procuradoria diz que os elementos apontam que o coronel Lima “intermediou o recebimento de propina para a organização criminosa, em nome de Michel Temer, no valor de R$ 1 milhão, paga pelo Grupo J&F Investimentos”.

 

Operação. O MPF afirma que, nas buscas realizadas pela Operação Patmos, em maio de 2017, foram coletados “documentos” que evidenciam o vínculo do coronel Lima com Temer e que ele “não tem qualquer relação aparente com a atividade da empresa” Argeplan, da qual é sócio. “Tais elementos indicam que João Baptista Lima Filho faz a gestão do recebimento de recursos e doações de campanha para Michel Temer há décadas”.

Em relação Yunes, os procuradores sustentam que ele se juntou “ao núcleo político da organização criminosa para cometimento de vários delitos, em especial contra a administração pública, para a arrecadação de propina por meio da utilização de diversos entes e órgãos públicos”. Para o MPF, Yunes auxiliava na arrecadação de vantagem indevida, “de forma dissimulada, como doações ao partido, ou mesmo via caixa 2, contribuindo para o projeto de poder da organização criminosa”.

“Destaque-se sua estreita relação com o líder da organização criminosa, Michel Temer, como mencionado na denúncia. Foi assessor especial do gabinete pessoal do presidente até 15 de dezembro de 2016, quando foi exonerado, a pedido, pouco após a divulgação na imprensa de sua participação em fato declarado pelo colaborador Cláudio Melo Filho (Odebrecht).”

 

‘Líder’

“Destaque-se sua (de José Yunes) estreita relação com o líder da organização criminosa, Michel Temer.”

Ministério Público Federal

EM DENÚNCIA