O Estado de São Paulo, n. 45500, 15/05/2018. Política, p. A6

 

Anastasia é lançado em MG; Aécio não vai a ato

Leonardo Augusto

15/05/2018

 

 

Pré-candidato ao governo mineiro, tucano dá ‘palanque’ a Alckmin, no 2º colégio eleitoral

Depois de sofrer pressão do PSDB nacional, o senador por Minas Gerais, Antonio Anastasia, anunciou ontem sua pré-candidatura ao Palácio Tiradentes – sede do governo do Estado – em um evento sem a participação do senador Aécio Neves (MG).

Antes relutante, Anastasia aceitou disputar mais um mandato no Executivo estadual e vai garantir ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidente do partido e pré-candidato ao Palácio do Planalto, palanque no segundo maior colégio eleitoral do País.

Anastasia ressaltou que terá o controle da campanha no Estado. “Em primeiro lugar, voltando a lembrar, eu terei a liderança, o comando da campanha, delegado pelos partidos que estão apoiando a minha candidatura”, disse, ao chegar ao ato de lançamento da pré-candidatura, realizada em um hotel na Grande Belo Horizonte.

A declaração é um recado no sentido de que o senador não quer deixar qualquer dúvida sobre a possibilidade de Aécio ter participação no controle da campanha. A partir de 2002, e até 2016, o tucano e sua irmã, Andrea Neves, comandaram todas as articulações do PSDB e aliados nas eleições para o governo e a prefeitura de Belo Horizonte.

Aécio e Andrea são réus no Supremo Tribunal Federal (STF) em processo por corrupção passiva e obstrução da Justiça, acusados de pedir propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. O senador também é investigado em outras ações no Supremo.

Sem citar os processos enfrentados por Aécio, Anastasia afirmou que o colega de bancada decidirá “a seu tempo e hora”, se será candidato em outubro. “O importante agora é fazer o lançamento da pré-candidatura e continuar conversando com os partidos”.

A pressão do PSDB nacional para que Anastasia seja candidato ao governo de Minas vem desde o início do ano. Em março, durante viagem a Nova Lima – na região metropolitana da capital mineira, para encontro com empresários – Alckmin afirmou que o senador mineiro era “o candidato natural em Minas”.

Ao mesmo tempo, negou ter pedido para que Anastasia disputasse o cargo para não “criar constrangimento” ao colega de partido. À época, o senador negava veementemente que seria candidato.

Além da pressão externa, Anastasia foi cobrado também pelo diretório estadual do partido a assumir a candidatura. Com Aécio Neves fragilizado politicamente, que era um dos principais nomes do partido, o PSDBMG temia perder filiados para outras legendas.

 

Derrotas. A legenda tucana já vinha de derrotas em Minas. Em 2014, o petista Fernando Pimentel foi eleito governador do Estado. Dois anos depois, Alexandre Kalil, do nanico PHS, venceu a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte.

O agora pré-candidato Anastasia foi vice de Aécio na chapa eleita na disputa pelo governo de Minas em 2006. Em 2010, Aécio deixou o cargo para disputar uma vaga no Senado. Anastasia assumiu o Palácio Tiradentes e, no mesmo ano, foi reeleito para o cargo.

Também deixou o posto, em 2014, para a disputa por cadeira no Senado, seguindo os passos de Aécio. Anastasia lançou sua pré-candidatura com discurso pela “reconstrução” de Minas. Segundo ele, o PSDB já tem o apoio de dois partidos, o PSD e o PSC.

 

Pré-candidato

Anastasia lança sua campanha em evento sem a presença de Aécio Neves

 

Pré-candidatura

“Terei a liderança, o comando da campanha, delegado pelos partidos que estão apoiando a minha candidatura.”

Antonio Anastasia, PRÉ-CANDIDATO DO PSDB

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Clésio Andrade é condenado no mensalão mineiro

Luiz Vassallo

15/05/2018

 

 

Justiça de Minas impõe ao ex-senador do MDB pena de 5 anos e 7 meses pelo crime de lavagem de dinheiro

A juíza Lucimeire Rocha, da 9.ª Vara Criminal de Belo Horizonte, condenou o ex-senador Clésio Andrade (MDB-MG) a 5 anos e 7 meses de prisão no mensalão mineiro. A magistrada fixou o cumprimento da pena em regime inicial semiaberto pelo crime de lavagem de dinheiro. Ela ainda absolveu o ex-senador do MDB do crime de peculato. Atualmente, Clésio é presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

O mensalão mineiro, conforme denúncia do Ministério Público Federal, é como ficou conhecido o desvio de recursos de estatais como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o extinto Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) para a campanha do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) à reeleição, em 1998. Na época, Clésio era candidato a vice-governador da chapa encabeçada por Azeredo.

Os desvios em benefício do tucano chegam a R$ 3 milhões, de acordo com a acusação. O esquema, que, segundo a Procuradoria, teve a participação de Clésio, utilizava as agências de publicidade de Marcos Valério, que já cumpre pena por envolvimento no mensalão federal.

A juíza rejeitou a tese de que os valores atribuídos a Clésio constituíam somente caixa 2 de campanha. “Primeiro, que não se tratou de ‘simples depósito’. Conforme consta dos laudos periciais, o recurso percorreu diversos caminhos, com depósitos e saques em várias contas, e depois novos depósitos, até ser utilizado na campanha, em operações extremamente complexas”, afirmou Lucimeire.

O ex-senador é o terceiro alvo do mensalão mineiro condenado. Em 2015, Azeredo foi condenado na primeira instância a 20 anos e 10 meses de prisão, acusado de peculato e lavagem de dinheiro. No ano passado, o ex-governador teve a condenação confirmada na segunda instância, com redução de 9 meses em sua pena. Em abril deste ano, por 3 a 2, desembargadores da 5.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais negaram embargos infringentes – um dos últimos recursos possíveis – apresentados pela defesa. O ex-governador pode ser o primeiro preso do mensalão mineiro.

Também em abril, o jornalista Eduardo Guedes foi sentenciado em primeira instância a 17 anos e 5 meses de prisão pela Justiça de Minas Gerais. Guedes foi secretário adjunto de comunicação durante o governo Eduardo Azeredo.

Clésio foi procurado por meio da assessoria de imprensa da Confederação Nacional do Transporte, mas o Estado não obteve resposta até a conclusão desta edição.