O Estado de São Paulo, n. 45532, 16/06/2018. Política, p. A6

 

Arquiteta relata encontro com Marisa

Luiz Vassallo e Victoria Abel

16/06/2018

 

 

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Maria Cecília de Castro afirma que mostrou a ex-primeira-dama projeto de cozinha do sítio de Atibaia

A arquiteta Maria Cecília de Castro afirmou ontem, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que apresentou à ex-primeira-dama Marisa Letícia o projeto para reforma da cozinha do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). Arrolada como testemunha de defesa de Fernando Bittar, proprietário do imóvel, ela disse que o projeto não foi executado porque Marisa não teria gostado. A arquiteta afirmou ter sido paga por Fernando Bittar pelo projeto.

O caso envolvendo o sítio representa a terceira denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato. Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobrás.

A denúncia inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do expresidente. Condenado em segunda instância no caso do triplex do Guarujá, Lula está preso há dois meses em Curitiba. Marisa Letícia faleceu em fevereiro de 2017.

No depoimento a Moro, a arquiteta disse ao juiz que recebeu uma solicitação de Bittar e sua mulher, Lillian Bittar, para “ampliar a cozinha” do sítio. “Queriam ampliar a cozinha, fazer uma mais moderna, fechada, dentro da casa. Uma cozinha mais moderna para a sala do jantar. Fiz um estudo para isso, mas o projeto não deu seguimento”, afirmou.

Maria disse a Moro que Bittar e Lillian queriam “mais pessoas dando palpite” no projeto. “Ele pediu para ter uma reunião com a tia dele, para ela também dar palpite”. “Quando eu cheguei lá e encontrei com ele (Bittar), ele ia apresentar e falou: Fernanda, vou te avisar que minha tia era a dona Marisa. Eu falei: ah, não sabia disso.”

Ainda segundo o depoimento, a arquiteta disse que projeto não ficaria como a ex-primeiradama “gostaria” porque haveria um “pilar no meio da sala”. “Ia ficar uma coisa meio estranha que ela (Marisa Letícia) não gostou muito”. “E eu falei pra ela: para ficar bom, a gente teria que reformar o telhado da casa”, concluiu a arquiteta.

O imóvel foi comprado no fim de 2010, quando Lula deixava a Presidência. O sítio está registrado em nome de dois sócios dos filhos do ex-presidente, Fernando Bittar – filho do ex-prefeito petista de Campinas Jacó Bittar – e Jonas Suassuna. A força-tarefa da Lava Jato sustenta que o sítio é de Lula. O ex-presidente nega.

Segundo o advogado do expresidente, Cristiano Zanin Martins, o depoimento deixa claro que Fernando é proprietário do sítio, “como consta no Cartório de Registro de Imóveis”. “A testemunha (Maria Cecília) informou que Fernando Bittar pediu e pagou pelo trabalho da arquiteta.”

Ofício. O juiz federal Sérgio Moro informou, por meio de ofício, ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que ainda vai avaliar se a ação envolvendo o sítio tem conexão com acertos de corrupção na Petrobrás. Moro enviou relatório ao ministro no âmbito do recurso da defesa do ex-presidente contra a decisão que manteve o processo na Justiça do Paraná em que o petista é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A Segunda Turma do Supremo decidiu, em abril, retirar de Moro trechos de delações de executivos da Odebrecht que faziam menções ao ex-presidente nos casos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula. O colegiado entendeu que os fatos referentes à ação penal não correspondem a desvios na Petrobrás.

 

Obra

Reforma de sítio em Atibaia é pivô de ação contra o ex-presidente Lula; petista nega que seja proprietário do imóvel

 

Julgamento

O ministro Edson Fachin, do STF, pediu para que a Segunda Turma da Corte leve a julgamento, no próximo dia 26, o novo pedido de liberdade apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A arquiteta Maria Cecília de Castro afirmou ontem, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que apresentou à ex-primeira-dama Marisa Letícia o projeto para reforma da cozinha do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). Arrolada como testemunha de defesa de Fernando Bittar, proprietário do imóvel, ela disse que o projeto não foi executado porque Marisa não teria gostado. A arquiteta afirmou ter sido paga por Fernando Bittar pelo projeto.

O caso envolvendo o sítio representa a terceira denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato. Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobrás.

A denúncia inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do expresidente. Condenado em segunda instância no caso do triplex do Guarujá, Lula está preso há dois meses em Curitiba. Marisa Letícia faleceu em fevereiro de 2017.

No depoimento a Moro, a arquiteta disse ao juiz que recebeu uma solicitação de Bittar e sua mulher, Lillian Bittar, para “ampliar a cozinha” do sítio. “Queriam ampliar a cozinha, fazer uma mais moderna, fechada, dentro da casa. Uma cozinha mais moderna para a sala do jantar. Fiz um estudo para isso, mas o projeto não deu seguimento”, afirmou.

Maria disse a Moro que Bittar e Lillian queriam “mais pessoas dando palpite” no projeto. “Ele pediu para ter uma reunião com a tia dele, para ela também dar palpite”. “Quando eu cheguei lá e encontrei com ele (Bittar), ele ia apresentar e falou: Fernanda, vou te avisar que minha tia era a dona Marisa. Eu falei: ah, não sabia disso.”

Ainda segundo o depoimento, a arquiteta disse que projeto não ficaria como a ex-primeiradama “gostaria” porque haveria um “pilar no meio da sala”. “Ia ficar uma coisa meio estranha que ela (Marisa Letícia) não gostou muito”. “E eu falei pra ela: para ficar bom, a gente teria que reformar o telhado da casa”, concluiu a arquiteta.

O imóvel foi comprado no fim de 2010, quando Lula deixava a Presidência. O sítio está registrado em nome de dois sócios dos filhos do ex-presidente, Fernando Bittar – filho do ex-prefeito petista de Campinas Jacó Bittar – e Jonas Suassuna. A força-tarefa da Lava Jato sustenta que o sítio é de Lula. O ex-presidente nega.

Segundo o advogado do expresidente, Cristiano Zanin Martins, o depoimento deixa claro que Fernando é proprietário do sítio, “como consta no Cartório de Registro de Imóveis”. “A testemunha (Maria Cecília) informou que Fernando Bittar pediu e pagou pelo trabalho da arquiteta.”

Ofício. O juiz federal Sérgio Moro informou, por meio de ofício, ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que ainda vai avaliar se a ação envolvendo o sítio tem conexão com acertos de corrupção na Petrobrás. Moro enviou relatório ao ministro no âmbito do recurso da defesa do ex-presidente contra a decisão que manteve o processo na Justiça do Paraná em que o petista é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A Segunda Turma do Supremo decidiu, em abril, retirar de Moro trechos de delações de executivos da Odebrecht que faziam menções ao ex-presidente nos casos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula. O colegiado entendeu que os fatos referentes à ação penal não correspondem a desvios na Petrobrás.

 

Obra

Reforma de sítio em Atibaia é pivô de ação contra o ex-presidente Lula; petista nega que seja proprietário do imóvel

 

Julgamento

O ministro Edson Fachin, do STF, pediu para que a Segunda Turma da Corte leve a julgamento, no próximo dia 26, o novo pedido de liberdade apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.