Correio braziliense, n. 20175, 16/08/2018. Política, p. 3

 

Candidatos mais ricos que há 4 anos

Deborah Fortuna

16/08/2018

 

 

ELEIÇÕES 2018 » Os 13 concorrentes a presidente somam R$ 833 milhões em bens. Em 2014, os 11 postulantes juntos declararam R$ 11,5 milhões à Justiça

Com o prazo para registro de candidatura encerrado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu 13 pedidos de homologação para a presidência da República. O que chama a atenção são os bens declarados de cada presidenciável. De R$ 15 mil a R$ 425 milhões, a disparidade de patrimônio pode beneficiar candidatos mais ricos na disputa que começa, oficialmente, hoje.

A soma de todos os bens declarados chega a R$ 833 milhões. Muito mais do que o valor dos 11 candidatos nas eleições de 2014, de R$ 11,5 milhões. Para o cientista político Ricardo Ismael, essa disparidade é justificada por causa de dois nomes: João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB), que declararam R$ 425 milhões e R$ 377, 4 milhões, respectivamente. “Eles são pontos fora da curva, são pessoas já muito ricas. Apenas os dois devem somar mais de R$ 800 milhões”, comentou Ismael.

Os dois devem financiar a própria campanha ao Planalto e abrir uma disparidade de recursos de outros candidatos. O limite para o cargo de presidente é de R$ 70 milhões no primeiro turno e R$ 35 milhões para o segundo. “Meirelles e Amoêdo são privilegiados em parte, porque podem bancar campanha com recursos próprios, sem se preocupar com o fundo eleitoral, e isso gera uma desigualdade na disputa”, comentou Ismael. “O (Geraldo) Alckmin não tem como pagar uma campanha. Nem (Jair) Bolsonaro, Ciro Gomes, Marina Silva. Todos têm de buscar recursos. Precisam entrar partido, doações individuais e fundo”, avaliou.

No ranking de bens declarados, logo após Amoedo e Meirelles, aparece o filho do ex-presidente João Goulart, João Goulart Filho, que registrou ter R$ 8,5 milhões. Em seguida vêm o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com R$ 7,9 milhões, e José Maria Eymael, com R$ 6,1 milhões. Eles são os cinco presidenciáveis com maior valor de bens declarados nestas eleições.

Para o cientista político, é natural que um candidato à Presidência tenha uma soma de bens com até R$ 5 milhões. “Quem tem R$ 1 milhão em bens não é rico. Um dentista ou um engenheiro, muitas vezes acumulam isso. Se o político tiver 50 anos, ele somou a vida inteira”, explicou. Fora dos milhões sobram Marina (R$ 118,8 mil), Vera Lúcia (PSTU), com R$ 20 mil e Guilherme Boulos (PSol), com R$ 15 mil. “O Boulos, no caso, é um candidato mais jovem. É normal que ele não tenha tantos patrimônios. E que Alckmin, por exemplo, tenha muito mais. Afinal, ele está na política há muito mais tempo”, afirmou.

Os vices

Há também casos em que o candidato a vice tem maior valor de bens declarados do que o líder na chapa. Isso acontece com Paulo Rabello de Castro, vice de Álvaro Dias, que declarou R$ 12,9 milhões — R$ 10 milhões a mais do que o candidato à Presidência. A senadora Ana Amélia (PP), vice de Alckmin, registrou R$ 5 milhões, valor superior aos R$ 1,3 milhão do tucano. Kátia Abreu (PDT) também somou R$ 2,6 milhões, o que representa R$ 1 milhão a mais do que o postulante Ciro Gomes. O vice de Vera Lúcia, Hertz Dias, soma R$ 100 mil. E se repete com Eduardo Jorge (PV), na chapa de Marina. Ele declarou ter R$ 320,3 mil. O deputado federal Cabo Daciolo (Patriotas) declarou não ter bens no TSE, mas a vice, Suelene Balduino, registrou R$ 201,8 mil — somados em dois veículos de R$ 50 mil cada, um apartamento e uma caderneta de poupança.

A riqueza de cada um

Confira o total de bens que os candidatos declararam para o TSE

 

» João Amoêdo (Novo)

R$ 425 milhões

 

» Henrique Meirelles (MDB)

R$ 377,4 milhões

 

» João Goulart (PPL)

R$ 8,5 milhões

 

» Lula (PT)

R$ 7,9 milhões

 

» Eymael (DC)

R$ 6,1 milhões

 

» Álvaro Dias (Podemos)

R$ 2,8 milhões

 

» Jair Bolsonaro (PSL)

R$ 2,2 milhões

 

» Ciro Gomes (PDT)

R$ 1,6 milhão

 

» Geraldo Alckmin (PSDB)

R$ 1,3 milhão

 

» Marina Silva (Rede)

R$ 118,8 mil

 

» Vera Lúcia (PSTU)

R$ 20 mil

 

» Guilherme Boulos (PSol)

R$ 15,4 mil

 

» Cabo Daciolo (Patriotas)      nenhum bem declarado