Título: Empresas veem PIB de 3,2%
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 16/05/2012, Economia, p. 11

O setor produtivo está mais pessimista que o governo em relação ao crescimento da economia e acaba de reduzir as projeções para 2012. Enquanto a equipe econômica ainda mantém, oficialmente, a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas pelo país no ano) entre 4% e 4,5%, empresas e economistas ligados à produção estimam um avanço de apenas 3,2% neste ano, abaixo dos 3,5% que previam entre janeiro e fevereiro.

Outro sinal do desânimo do setor empresarial com o ritmo dos negócios pode ser visto na expectativa de novos investimentos na produção. No primeiro bimestre, acreditava-se que os recursos empregados na compra de máquinas e equipamentos e na construção de fábricas teriam em 2012 uma expansão de 8,2%. Entre março e abril, a previsão caiu para 5,2%. A estimativa de criação de emprego também recuou, passando de 1,9 milhão de vagas para 1,8 milhão.

Os números foram coletados na segunda edição do Sensor Econômico, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos. As expectativas em relação à inflação, entretanto, melhoraram um pouco. Caíram de 5,3% para 5,1%, mas, mesmo assim, ainda ficaram acima da meta de 4,5% do governo. De acordo com o levantamento, as entidades e associações ligadas à indústria brasileira projetam ainda uma taxa de câmbio para o fim do ano de R$ 1,80 por dólar, ligeiramente acima dos R$ 1,76 estimados pelo governo. Nos dois casos, abaixo da cotação atual, que superou R$ 2,00.

Frustração O economista-chefe do Banco Espírito Santo (BES) Investimentos, Jankiel Santos, que prevê variação do PIB de apenas 3%, diz que não houve surpresa nos dados. "O estudo do Instituto está em linha com o que todos os analistas têm feito em virtude da provável frustração com o desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre", comentou. "Embora a perspectiva seja de avanço do PIB nos primeiros meses do ano, aparentemente ele ficará aquém das expectativas iniciais", destacou.

Em relação à queda na projeção de inflação, o economista avaliou que, aparentemente, os dados refletem a avaliação de que os efeitos do baixo crescimento compensarão as pressões que potencialmente seriam geradas nos índices de preços com um câmbio mais desvalorizado.