Correio braziliense, n. 20251, 31/10/2018. Política, p. 3

 

Moro diz que vai pensar

Gabriela Vinhal

31/10/2018

 

 

GOVERNO DE TRANSIÇÃO » Principal juiz responsável pela Lava-Jato afirma que se sente honrado ao ter o nome citado por Bolsonaro como cotado para assumir Ministério da Justiça ou vaga no Supremo e declara que convite, quando chegar, será objeto de reflexão

Após o presidente eleito Jair Bolsonaro anunciar que pretende convidar o juiz Sérgio Moro para o Supremo Tribunal Federal ou para o Ministério da Justiça, o magistrado afirmou que ficou honrado e deverá refletir nos próximos dias. Em nota, o principal juiz da Lava-Jato, responsável pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que, “caso efetivado oportunamente o convite, será objeto de ponderada discussão e reflexão”.

Em sua primeira entrevista após ser eleito, Bolsonaro afirmou que, se tivesse falado sobre isso durante o período eleitoral, soaria “oportunista”. No entanto, agora, desejava formalizar o convite. “Pretendo, sim (convidar Moro), não só para o Supremo, mas quem sabe para o Ministério da Justiça. Pretendo conversar previamente com ele. Com toda certeza será uma pessoa de extrema importância (em meu governo)”, disse à TV Record.

Ainda sobre nomeá-lo, o presidente eleito ressaltou que o magistrado seria bem-vindo no governo dele. “Ele é uma pessoa excepcional, que goza de um respaldo muito grande da população e tem conhecimento. O Ministério da Justiça pode ser um parceiro no combate à corrupção”, destacou para o SBT.

Após o resultado do segundo turno, no último domingo, Moro parabenizou Bolsonaro, mas sem citá-lo. O juiz desejou que o novo presidente faça “um bom governo” e reconquiste a confiança da sociedade brasileira nos políticos. “São importantes, com diálogo e tolerância, reformas para recuperar a economia e a integridade da Administração Pública, assim resgatando a confiança da população na classe política”, acrescentou.

Novos nomes

Quando tomar posse, Bolsonaro poderá indicar, em um futuro próximo, dois novos nomes para a Suprema Corte, pois os ministros Marco Aurélio Mello e Celso de Mello vão se aposentar compulsoriamente durante o governo dele. Sobre a proposta de aumentar o número de magistrados no STF e nomear, por conta própria, 11 ministros, o presidente eleito disse que a medida “ficou no passado”. “Tem que ver o contexto, o momento em que isso foi dito. Eu pensei que era uma maneira de ter um tribunal isento, mas percebi que estava embarcando em uma ideia equivocada”, afirmou. “Conversarei com o presidente do STF (Dias Toffoli) e tenho certeza de que teremos uma convivência extremamente harmônica”, acrescentou.

Gustavo Bebiano, ex-presidente do PSL e um dos coordenadores da campanha eleitoral de Bolsonaro, confirmou que nenhum convite formal foi feito ao juiz, mas que ele também gostaria de vê-lo como ministro da Justiça ou do Supremo. “Ainda não foi feito um convite formal. Está sendo ventilado o nome dele muito fortemente. É um brasileiro seríssimo, comprometido com o que há de melhor para a nação. É um nome que eu gostaria que estivesse à frente do Ministério da Justiça ou do STF”, afirmou à Agência Estado. Aliados de Bolsonaro, durante a campanha, falavam nos bastidores que Moro era realmente favorito para assumir uma vaga no STF, no futuro, mas, durante as entrevistas às tevês, na segunda-feira, foi a primeira vez que o nome do juiz federal apareceu como candidato a ministro.

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Astronauta e ministro

31/10/2018

 

 

O astronauta Marcos Pontes confirmou, ontem, que aceitou o convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para ser o ministro da Ciência e Tecnologia. Pontes fez a declaração em entrevista ao telejornal Bom Dia, RN, da Inter TV, afiliada da Rede Globo de Televisão no Rio Grande do Norte. “Fui convidado e já aceitei. O convite está aceito”, afirmou.

Ele revelou, no entanto, que disse sim ao convite “há algum tempo”. Na verdade, na segunda-feira, em uma rede social, Pontes gravou um vídeo em que deixava claro que faria parte do governo. “Eu estou muito feliz de ter participado não só da campanha, mas também da oportunidade de participar deste novo governo em uma área que tem sido a minha vida por 41 anos”, afirmou.

Ontem, ele contou que, quando iria se candidatar a senador, foi chamado por Bolsonaro para integrar a equipe em possível governo. Com isso, declarou, decidiu se candidatar a segundo suplente de senador na chapa do hoje senador eleito Major Olimpio (PSL-SP). “Eu assumo o ministério, fico os quatro anos e depois, eventualmente, posso entrar no Senado para continuar o trabalho dentro do Congresso”, explicou. Assumir uma cadeira no Senado, no entanto, dependeria da saída ou licença de Major Olímpio da vaga de titular.