Correio braziliense, n. 20251, 31/10/2018. Cidades, p. 19

 

Equipe de transição só para a saúde

Helena Mader

31/10/2018

 

 

TRANSIÇÃO 2018 » O governador eleito Ibaneis Rocha se reunirá com especialistas e representantes da área antes de definir o novo comandante de uma das pastas mais sensíveis da administração pública. O advogado anunciou ontem mais três nomes do secretariado

Para definir os profissionais que vão comandar a saúde pública, setor considerado o mais delicado da capital federal, o governador eleito, Ibaneis Rocha (MDB), decidiu ouvir sindicatos, médicos, enfermeiros, e especialistas na área. Ontem, ele fez reuniões para receber sugestões de nomes e perfis de representantes do segmento, mas, no fim do encontro, resolveu adiar o anúncio do futuro secretário de Saúde. No segundo dia após a eleição, o emedebista definiu pelo menos três integrantes do secretariado: além de André Clemente, confirmado na Fazenda logo após a eleição, Ibaneis anunciou Izídio Santos Júnior para a Secretaria de Obras e Ericka Filippelli para a pasta das Mulheres. O empresário José Humberto Pires foi convidado para comandar a área de desenvolvimento econômico, mas optou por não integrar o primeiro escalão.

No início da noite de ontem, Ibaneis reuniu-se com o deputado distrital eleito Jorge Viana (Podemos), do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem; com o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR); com representantes do Sindicato dos Médicos; e outros profissionais da área. O governador eleito havia dito que anunciaria o futuro titular da pasta, mas, após o encontro, ele optou por adiar a divulgação.

A ideia agora é formar uma equipe ampla de transição e, só depois, escolher o secretário de Saúde. “Ele sabe que essa é uma questão emergencial e se mostrou empenhado em ouvir vários setores, além de escolher um nome técnico. Quero contribuir para fazer esse diagnóstico da saúde, até para ajudar minha atuação na Câmara Legislativa posteriormente”, explicou o distrital eleito Jorge Viana. “Ajudo no que precisar, mas não quero cargo”, deixou claro Jofran Frejat, após o encontro. Ibaneis Rocha pretende dividir a pasta da Saúde em duas secretarias: uma para cuidar apenas da atenção básica, e outra para se dedicar à assistência hospitalar.

Construção civil

Para a Secretaria de Obras, Ibaneis convidou o engenheiro Izídio Santos Júnior. Ele é vice-presidente administrativo-financeiro do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF). O profissional atuou nas construtoras Santa Tereza e Emplavi até 1998, quando criou a Barsan Engenharia, empresa que gerencia até hoje. Procurado pela reportagem, Izídio confirmou o convite, mas disse que vai aguardar um anúncio oficial para se manifestar.

Ele ingressou no sindicato que representa o setor em 2003 atuando no Sindiscon Jovem. Passou à diretoria e, em seguida, à Vice-Presidência. Entre 2005 e 2009, atuou como conselheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e, de 2009 a 2013, foi presidente do Serviço Social da Indústria da Construção Civil do DF. Izídio também integra o quadro de diretores da Federação das Indústrias de Brasília e é vice-presidente do Clube de Engenharia de Brasília desde 2014. O futuro secretário de Obras do DF foi representante da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) no Conselho Temático Permanente de Relações do Trabalho e Desenvolvimento Social da CNI.

O presidente do Sinduscon, João Carlos Pimenta, elogiou o perfil do engenheiro escolhido por Ibaneis para comandar a área. “É um conhecido antigo do setor e está em Brasília há muitos anos. Izídio é uma pessoa muito séria e competente”, afirmou Pimenta. Desde a campanha, o setor da construção civil tem apresentado demandas e, após a eleição de Ibaneis, os empresários do segmento pretendem reapresentar as reivindicações do segmento. “Brasília tem de acordar para a construção civil. As empresas estão todas paradas, e o desemprego é muio grande. Mas a gente tem fé de que isso vai acontecer”, ressaltou Pimenta. O setor, que chegou a empregar 90 mil pessoas no DF, hoje reúne apenas 118 mil funcionários.

Transparência

Outro nome confirmado para o primeiro escalão é o de Ericka Filippelli. A nora do ex-vice-governador Tadeu Filippelli vai comandar a Secretaria das Mulheres. Ela atua no segmento dentro do partido, no MDB Mulher. Ex-secretário de Governo da gestão de José Roberto Arruda e ex-administrador de Taguatinga, José Humberto Pires foi convidado por Ibaneis para chefiar a área de desenvolvimento econômico. Em nota, José Humberto agradeceu a indicação, mas informou que não ocupará cargos no governo. “O empresário José Humberto Pires agradece a lembrança para ocupar cargo no primeiro escalão do governo Ibaneis. Como cidadão brasiliense, ele se coloca à disposição do novo governador para ajudar a gestão com sua experiência. No entanto, declinará convites para ocupar cargo na administração por conta de compromissos institucionais e profissionais. Pires acrescenta que torce pelo sucesso do governo Ibaneis”, informou o texto, distribuído pelo empresário.

O emedebista anunciou ontem também que o vice-governador eleito, Paco Britto, do Avante, vai comandar a equipe de transição e fará as tratativas com os representantes do governo de Rodrigo Rollemberg. “Esperamos que essa transição seja feita com muita clareza e transparência, porque precisamos ter ciência da real situação da administração, sobretudo das contas públicas”, diz Britto. “A nossa principal preocupação é com a questão de caixa. Vamos solicitar também a apresentação de todos os contratos em vigor. Não podemos ser pegos de calças curtas, caso haja algum contrato prestes a vencer no início do ano”, acrescentou o vice-governador eleito.

Secretariado em formação

Ericka Filippelli chefiará a Secretaria das Mulheres

Izídio Santos Júnior será secretário de Obras

André Clemente comandará a Secretaria de Fazenda

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Ensino e segurança

31/10/2018

 

 

Antes de escolher o secretário de Segurança Pública, o emedebista pretende consultar o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Para definir o titular da pasta da educação, Ibaneis adiantou que vai ouvir o Sindicato dos Professores. Ele conversou com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) sobre os rumos do ensino público, mas o parlamentar não quis fazer indicações de nomes ao emedebista e apresentou apenas propostas de modelos para o setor.

O diretor do Sinpro Cláudio Antunes confirmou que representantes da entidade devem se reunir com o futuro governador na próxima semana. Porém, ele afirma que o sindicato não vai sugerir nomes nem perfil de secretário. “Nunca fizemos isso e não faremos, não é o nosso papel. Escolher secretário é atribuição do governador. Mas o diálogo é bem-vindo. Durante a reunião vamos apresentar uma pauta emergencial da categoria, com pontos que precisam ser debatidos ainda durante a transição”, detalhou Antunes.

Ele lembra que, no início do governo Rollemberg, houve atraso no pagamento das férias, o que gerou uma paralisação de uma semana no começo do ano letivo de 2015. “Além disso, há mais de 2,5 mil professores aposentados que não receberam a indenização da licença-prêmio. Isso tem de ser pago 60 dias após a aposentadoria e professores que se aposentaram de julho de 2016 para cá que não receberam. O governo nos deve ainda a sexta e última parcela do plano de carreira, e o tíquete não é atualizado há quatro anos”, reforçou o diretor do Sindicato dos Professores.