O Estado de São Paulo, n. 45622, 14/09/2018. Política, p. A8

 

Atuação no Parlamento motiva ação de empresário

Breno Pires e André Borges

14/09/2018

 

 

Relator da reforma trabalhista na Câmara, Rogério Marinho (PSDB) registra R$ 822 mil em doações eleitorais

Relator da reforma trabalhista na Câmara, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) tem recebido doações de empresários por sua atuação pela aprovação do projeto que mudou a CLT. Marinho já arrecadou R$ 822 mil até agora, 75% doados por pessoas físicas, o que o coloca em segundo no ranking de deputados que mais receberam doações até agora.

Na lista de doadores, Luiza Helena T. I. Rodrigues aparece como doadora de R$ 15 mil. O “T” é de Trajano, sobrenome pelo qual a dona da rede de varejo Maganize Luiza é mais conhecida. Próxima da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de quem chegou a ser cotada como ministra, a empresária doou apenas ao deputado tucano até agora.

Outro doador foi Flávio Rocha, presidente do Conselho de Administração da Riachuelo, que chegou a fazer uma précampanha para concorrer à Presidência, mas desistiu de se lançar candidato. “Rogério Marinho foi um gigante na questão absolutamente central para o País. A principal revelação parlamentar”, disse.

Ele doou R$ 50 mil. O pai de Flávio, Nevaldo Rocha, dono da Riachuelo, doou R$ 100 mil. Para Marinho, é natural receber contribuição pela afinidade de propostas. “O estranho seria se as pessoas que eventualmente investissem na minha candidatura discordassem”, disse.

Ele não é o único candidato que recebeu doações de empresários motivados pela atuação do parlamentar. O Estado identificou mais dois casos semelhantes – a dos deputados Tereza Cristina (DEM-MS) e Fernando Coelho Filho (DEM-PE). Candidata à reeleição, Tereza Cristina recebeu R$ 100 mil do executivo Marcos Marinho Lutz, diretor presidente da Cosan e membro do Conselho de Administração da Raízen, gigante de produção de açúcar e etanol no Brasil. Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) na Câmara, ela liderou a defesa da nova Lei dos Agrotóxicos.

Questionada sobre o apoio do empresário, Tereza Cristina disse que a doação “da família Lutz possui vínculos com a família da parlamentar há três gerações por serem vizinhos de fazenda no Mato Grosso do Sul, independentemente de qualquer cargo ou companhia que representem”.

Já o ex-ministro de Minas e Energia Coelho Filho, candidato à reeleição, teve doação de R$ 25 mil de Pedro Parente, expresidente da Petrobrás e atual presidente da BRF Foods, e também de donos de consultorias da área de energia e até de um servidor que atua numa empresa pública. Coelho Filho declarou que as doações que recebeu “seguiram os ditames previsto na lei eleitoral em vigor”. Já Pedro Parente afirmou ao

Estado que fez a doação “porque considera Fernando Coelho Filho um excelente candidato, sério e com o qual tem afinidades ideológicas”.