O Estado de São Paulo, n. 45663, 25/10/2018. Política, p. A12

 

Relator vota por semiaberto para Palocci

Ricardo Brandt e Luiz Vassallo

25/10/2018

 

 

Ex-ministro pede no TRF-4 redução de pena após fechar delação sobre desvios na Petrobrás

Recurso. Tribunal suspende julgamento de Antonio Palocci

Um pedido de vista apresentado pelo desembargador Leandro Paulsen, revisor da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), suspendeu ontem o julgamento da apelação do ex-ministro Antonio Palocci.

Condenado em primeira instância a 12 anos e 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ministro tenta conseguir os benefícios de sua delação premiada à Polícia Federal – homologada pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4. O julgamento foi remarcado para 28 de novembro.

Antes do pedido de vista, Gebran Neto votou pela progressão da penado ex-minis tropara o regime semiaberto domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, levando em conta as informações que Palocci apresentou em sua delação sobre o esquema de desvio de recursos da Petrobrás, envolvendo os principais executivos da Odebrecht. Palocci está preso desdes etemb rode 2016, alvo da Operação Om ertà,desd obramento da Lava Jato.

Os advogados de Palocci citaram em recurso que o ex-ministro prestou 141 horas de depoimentos no âmbito da Lava Jato, além de ter entregue diferentes tipos de provas, como contratos simulados, rastreadores e veículos, e a indicação de três testemunhas que teriam presenciado ilícitos.

Depoimentos. Nos autos de ação na Lava Jato em que o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu pelo suposto recebimento de R$ 12,5 milhões da Odebrecht, um dos termos do acordo foi tornado público pelo juiz federal Sérgio Moro. O anexo narra suposto loteamento de cargos na Petrobrás em troca do abastecimento de campanhas políticas.

O ex-ministro reafirmou que Lula “tinha conhecimento, desde 2007” de suposto esquema de corrupção na Petrobrás. Palocci disse que 90% das medidas provisórias nos governos do PT estavam relacionadas ao pagamento de propinas e que as campanhas que elegeram a presidente cassada Dilma Rousseff, em 2010 e em 2014, custaram R$ 1,4 bilhão – acima do declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Procurado ontem após o pedido de vista, o criminalista Tracy Reinaldet, que defende o ex-ministro Antonio Palocci, informou que “a defesa vai aguardar o término do julgamento para se pronunciar”.