O globo, n. 31106, 06/10/2018. País, p. 14

 

Barrado pelo TSE, Garotinho anuncia apoio a Romário

Lucas Altino

06/10/2018

 

 

Ex-governador vai pedir votos para o senador e para o petista Lindbergh Farias; PRP repudiou a decisão

Desde que teve sua candidatura barrada pelo TSE, Anthony Garotinho (PRP) concentrou esforços em um recurso em Brasília, e não havia declarado apoio a outro candidato. Ontem, porém, o ex-governador decidiu escolher um lado e começou a pedir votos para Romário, segundo colocado nas pesquisas, atrás do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). Garotinho também anunciou apoio ao senador Lindbergh (PT), que concorre à reeleição. O PRP foi contra a decisão.

— Por estar do lado do povo, decidi que tiro o adesivo 44 e coloco o 19, do Romário. Falei com meus advogados, eles acham que a chance de eu obter a vitória num recurso após a eleição é muito pequena. E há um risco de que os votos que as pessoas desejam dar ao meu nome sejam anulados, favorecendo o candidato de Sérgio Cabral —explicou Garotinho,em referência a Paes, antes de falar sobre as críticas que fez a Romário durante a campanha. —Continuo dizendo que sou mais preparado. Mas uma coisa é falta de preparo, outra é falta de caráter e de vergonha. O outro é chefe de uma facção criminosa que assaltou o estado do Rio. Romário conversou comigo e se comprometeu com nossos programas sociais.

Nos últimos dias, o ex-governador estava em dúvida se apoiaria Romário ou Indio da Costa (PSD). Assessores acreditavam que Indio seria um adversário mais duro no segundo turno contra Paes. Mas Garotinho tomou a decisão sozinho. Uma aproximação entre ele e Romário já havia sido noticiada no início da campanha, mas foi negada pelos dois.

Na internet, os comentários dos eleitores estavam divididos. Muitos aprovaram a aliança, outros disseram que não iriam seguir o ex-candidato.

— Romário é de origem humilde, do povo — disse Garotinho. —Vai fazer por quem mais precisa. Ele assumiu o compromisso de encampar nossas bandeiras e olhar pelo interior. As bandeiras do Garotinho hoje são as do Romário. Oex-governador, que se disse vítima de um golpe jurídico, também pediu votos para o senador Lindbergh (PT), que concorre à reeleição. — Continuo pedindo o primeiro voto para meu amigo Eduardo Lopes. O segundo, para Lindbergh, para derrotar aquele que mais me prejudicou e ao Estado, Rodrigo Maia, cujo pai é candidato a senador, Cesar Maia.

"Não é bagunça"

A direção do partido de Garotinho, o PRP, não aprovou a decisão. Para a presidente da sigla, Eliane Cunha, ele deveria entender que o PRP é “uma instituição séria”: — Isso (apoio ao Romário) não é decisão do partido. Até porque o Garotinho não é unanimidade no Rio, no Brasil e nem no partido. É uma decisão pessoal dele. A gente queria que o ex-governador entendesse que no PRP tem disciplina, ordem, e progresso. Isso não é bagunça nem o quintal da casa dele. Não tenho nada contra o Romário, mas não é o Garotinho que decide. Nossos candidatos estão indignados.

De acordo com as pesquisas, Romário e Garotinho têm perfil de eleitorado semelhante, com dificuldades na capital, mas boa aceitação no interior. O perfil socioeconômico dos eleitores também é parecido. Antes da decisão do TSE, Garotinho estava em subida nas intenções de voto, e Romário em queda. Sem o adversário — que o atacou intensamente em uma fase da campanha —, o senador se firmou no segundo lugar, seguido por Indio, Wilson Witzel (PSC) e Tarcísio Motta (PSOL).

Após o debate da TV Globo, na última terça-feira, foi detectado um aceno de Romário a Garotinho, cujas críticas ele não costumava responder. Em outros momentos, os dois trocaram farpas. — Assim como eu não sei bater pênalti, Romário não sabe cuidar de segurança pública, escola, hospital, finanças. Isso é para gente experiente — disse Garotinho. — No debate ele não sabia nem falar direito, dava até pena. O senador rebateu:

— O Garotinho tem uma experiência e preparo que eu não quero ter. É só levantar a ficha dele. Olha o estado em que o Rio de Janeiro se encontra. Ele foi um dos responsáveis por isso.

Há 10 dias, Garotinho teve sua candidatura barrada pelo TSE, ao ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Uma das condenações foi por improbidade administrativa (em segunda instância), quando ele era secretário de Estado do governo de sua mulher, Rosinha, no caso que investigava o desvio de R$ 234,4 milhões da Secretaria Estadual de Saúde. Desde então, Garotinho trocou as ruas pelos lives na sua página do Facebook. Normalmente, ele usava o espaço para se defender das condenações e explicar os recursos que tentou em Brasília. N última semana, sempre na web, ele analisou cenários políticos, inclusive nacionais, e chegou a fazer um aceno a Lindbergh, de quem se aproximou na campanha. A ausência de um posicionamento assertivo, porém, era tema de debates internos. Assessores próximos acreditavam que Garotinho deveria tomar algum partido, a fim de evitar uma fácil vitória de Eduardo Paes, seu principal adversário. Logo após a decisão do TSE, membros da campanha do ex-governador foram procurados por Indio da Costa e Marcelo Delaroli, vice de Romário.

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Assessores de Indio preparam ação virtual contra Witzel

Bruno Abbud

06/10/2018

 

 

Alarmados com o crescimento de Wilson Witzel, candidato do PSC ao governo do Rio, assessores da campanha do adversário Indio da Costa (PSD) planejam agir contra o juiz no mundo virtual. Conversas em um grupo de WhatsApp que reúne integrantes da campanha de Indio, às quais O GLOBO teve acesso, mostram que o grupo tenta ligá-lo ao ex-deputado do MDB, preso na Lava Jato, Jorge Picciani. Ainda pretendem descolar a imagem do juiz a de Jair Bolsonaro.

Há cerca de um mês, Flavio Bolsonaro passou a apoiar o juiz discretamente em agendas no Rio. Na última pesquisa Datafolha, Witzel alcançou 9% das intenções de voto, empatando tecnicamente com Indio, que pontuou 10%. Em uma das mensagens, o assessor identificado como “MarceloPsd”, que trabalha na equipe de vídeo de Indio, anuncia: “Temos que mirar o juiz”. André Ferracini Basto responde: “O bom seria ter algum podre do Witzel.” De acordo com a prestação de contas de Indio no TSE, Basto recebeu R$ 3 mil por “análise de mídias sociais”.

O juiz Witzel disse ao GLOBO que as informações discutidas sobre ele no grupo não procedem. A assessoria de Indio da Costa informou que as mensagens são de “voluntários” e que as ações não são da coordenação de estratégia da campanha” do candidato.

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Ibope indica reeleição de sete governadores amanhã

Marco Grillo

06/10/2018

 

 

 Recorte capturado

 

 

Pesquisas mostram que outros seis chefes dos executivos estaduais devem ser derrotados já no primeiro turno da eleição

As pesquisas de intenção de voto mais recentes divulgadas pelo Ibope nos estados apontam que até sete governadores devem ser reeleitos amanhã, em primeiro turno. Ao todo, vinte comandantes dos executivos estaduais disputam um novo mandato.

A situação mais confortável é a do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) — o pai é o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que também deverá emplacar mais oito anos no Senado. No levantamento divulgado ontem, Renan Filho chegou a 66% dos votos totais. Quando são levados em consideração apenas os votos válidos — brancos e nulos são retirados da conta —, o emedebista alcança 83%, índice que o deixa em situação confortável para liquidar a disputa já nesta fase. O adversário mais próximo, Pinto de Luna (PROS), tem 6% das intenções de voto (8% de votos válidos).

ACM Neto desistiu

O PT, considerando as tendências apontadas pelo Ibope, deverá manter uma força expressiva no Nordeste e reeleger já no primeiro turno os governadores da Bahia, Rui Costa; do Ceará, Camilo Santana; e do Piauí, Wellington Dias. No caso piauiense, Dias manteve-se na faixa de 47% nas três sondagens realizadas ao longo da eleição — a mais recente delas divulgada ontem. O índice dá ao governador 53% dos votos válidos e indica a alta probabilidade de reeleição. Na segunda posição, o candidato do Solidariedade,Dr.Pessoa, aparece com 19% (22% dos votos válidos). Na Bahia, os números do Ibope projetam a reeleição de Rui Costa, indicando um período de 16 anos do PT no comando local — o petista Jaques Wagner, antecessor de Costa, foi eleito em 2006 e reeleito em 2010. A força fez com que o principal adversário local do petismo, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), preferisse permanecer na prefeitura a deixar o cargo para concorrer ao governo. O DEM, então, indicou para a missão de bater o PT o ex-prefeito de Feira de Santana Zé Ronaldo, que chegou a 10% das intenções de voto (13% dos válidos), de acordo com a pesquisa mais recente. Rui Costa marcou 61% (80% dos votos válidos).

No Ceará, Camilo Santana alcança 69% das intenções de voto (86% dos votos válidos), enquanto o oponente mais próximo, o tucano General Theophilo, chega a apenas 7% (8% na conta dos votos válidos). General de quatro estrelas, Guilherme Theophilo foi apadrinhado pelo senador Tasso Jereissati como um contraponto à ampla aliança de Santana, que conta com 16 partidos — incluindo PP, PR, PTB, DEM e PPS, todos coligados nacionalmente com o PSDB.

No Maranhão, a tendência é que o PCdoB mantenha o único governo estadual que tem hoje. Flávio Dino chegou a 56% das intenções de voto (59% dos válidos), segundo a pesquisa divulgada na quinta-feira. A ex-governadora Roseana Sarney vem em segundo, com 30% (32% dos válidos). Em situação menos confortável que a dos colegas, mas também em patamares superiores à metade dos votos válidos, estão os governadores de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), e Tocantins, Mauro Carlesse (PHS). Azambuja vem numa curva ascendente, enquanto Carlesse se mantém no mesmo patamar alto desde o início da campanha, mas ambos têm adversários que também vêm elevando suas intenções de voto.

Fora do segundo turno

Em contraponto, as pesquisas indicam que outros seis governadores devem ser derrotados já no primeiro turno. No Paraná, a probabilidade mais alta é que Ratinho Júnior (PSD) vença a eleição amanhã, superando a governadora Cida Borghetti (PP). Em Goiás, os números apontam que o governador Zé Eliton (PSDB) será derrotado amanhã pelo senador Ronaldo Caiado (DEM). Em São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Roraima, as eleições devem ir ao segundo turno, sem a presença dos respectivos governadores.