O globo, n. 31105, 05/10/2018. País, p. 8

 

CNJ quer explicação de Moro sobre delação de Palocci

Adriana Mendes

05/10/2018

 

 

Juiz tem 15 dias para justificar a divulgação das acusações do ex-ministro, segundo corregedor

Corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Humberto Martins deu ontem 15 dias para que o juiz Sergio Moro, que comanda os processos da Lava-Jato em Curitiba, apresente explicações sobre a divulgação de parte da delação premiada do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos petista Antonio Palocci. O caso corre em sigilo no conselho.

No início desta semana, os deputados federais petistas Paulo Pimenta (RS), Wadih Damous (RJ) e Paulo Teixeira (SP) apresentaram no CNJ um pedido de abertura de procedimento administrativo disciplinar contra o magistrado.

Eles pedem uma punição a Moro por considerar que ele não poderia ter levantado o sigilo da delação a poucos dias da eleição de domingo, em que o ex-ministro revela crimes relacionados a si e ao PT.

Se o CNJ entender que os deputados petistas têm razão no pleito, Moro pode receber de censura (a pena mais branda) até aposentadoria compulsória (a punição máxima).

"Práticas de crimes"

No trecho da delação que foi tornado público, Palocci fala do “loteamento de cargos na Petrobras e sua utilização pelo governo federal para prática de crimes” e afirma que o PT gastou R$ 1,4 bilhão, mais do que o dobro dos valores declarados à Justiça Eleitoral, nas campanhas de 2010 e 2014, para eleger e reeleger a ex-presidente petista Dilma Rousseff. Segundo o ex-ministro, as campanhas foram largamente abastecidas com dinheiro de caixa dois.

“Ninguém dá dinheiro para as campanhas esperando relações triviais com o governo. As prestações regulares registradas no TSE são perfeitas do ponto de vista formal, mas acumulam ilicitudes em quase todos os recursos recebidos”, afirmou Antonio Palocci.

O juiz Sergio Moro não comentou o pedido de explicações do CNJ feito a ele.