O Estado de São Paulo, n. 45639, 01/10/2018. Política, p. A8

 

Haddad visita Lula pela quarta vez como candidato

Adriana Ferraz e Carina Bridi
01/10/2018

 

 

Da cadeia, ex-presidente orienta os rumos da campanha; candidato nega possibilidade de indulto ao líder do PT

 

Curitiba. Haddad deixa a PF após visita na 2ª feira passada

O presidenciável petista Fernando Haddad cumpre hoje mais uma agenda de campanha em Curitiba, mais precisamente na sede da Polícia Federal, onde está preso desde abril o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela Lava Jato. É a quarta visita de Haddad a Lula desde que o ex-prefeito se tornou oficialmente o candidato do PT ao Palácio do Planalto.

Assim como nas outras oportunidades, após a visita – que dura, em média duas horas –, Haddad vai conceder uma entrevista coletiva à imprensa. Integrante da equipe de advogados do ex-presidente desde o início de julho, o petista já cumpriu essa mesma rotina outras nove vezes, antes como coordenador de campanha. A seis dias da eleição, ele vai aproveitar a viagem para também fazer um ato público no centro da cidade.

Mas, se são inevitáveis diante da necessidade de Haddad continuar se favorecendo da transferência de votos do eleitor lulista – ele subiu 13 pontos nas pesquisas de intenção de voto em 15 dias –, os encontros frequentes têm exigido da campanha do candidato explicações sobre qual seria o papel do ex-presidente diante de um eventual governo Haddad. E se a vitória seria ou não acompanhada de um indulto presidencial a Lula.

Pressionado, Haddad já afirmou publicamente que não concederia o indulto, mas porque essa não é a vontade do ex-presidente, que preferiria aguardar por um novo julgamento para provar sua inocência. Já sobre a participação de Lula, caso vença a eleição, o candidato tem sido mais claro, afirmando que o padrinho político “será um grande conselheiro”. O presidenciável petista também já declarou que não deixará de fazer as visitas caso vença a eleição.

Para o professor de Filosofia da Faap Luiz Bueno, a aceitação das visitas de Haddad a Lula varia de acordo com o eleitor. “O eleitorado tradicional do PT tem interesse em votar no Lula. Então, não se afetam com isso, não conhecem direito o Haddad, mas veem essa continuidade”, diz. Por outro lado, segundo Bueno, esses encontros podem passar uma “incerteza” sobre quem iria governar, em caso de vitória do PT, diante da falta de autonomia de Haddad.

Nessa última semana antes do primeiro turno da eleição, Haddad vai concentrar suas agendas no Sudeste, onde seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PSL), coloca maior vantagem sobre o petista – segundo a última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, o deputado federal tem 31% das intenções de voto na região, ante 16% do candidato petista.

Hoje mesmo, após o ato púbico em Curitiba, o presidenciável petista segue para o Rio. Ainda nesta semana, Haddad deve participar de eventos públicos em São Paulo.

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Ciro diz que vai ‘pacificar a família brasileira’

 

 

 

01/10/2018

 

 

Depois de participar de evento de campanha com profissionais da área da saúde, na manhã de ontem em São Paulo, o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, gravou vídeos para os seus eleitores em que disse ter condições de “pacificar a família brasileira”. “Esse extremismo é muito negativo”, disse o presidenciável.

As declarações vieram na tentativa de vencer a polarização dos eleitores entre os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Os dois presidenciáveis lideram as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto.

Ciro falou também sobre a declaração de Bolsonaro de que não aceitaria o resultado da disputa eleitoral, caso não saísse vitorioso. Segundo o pedetista, isso seria “o anúncio de um golpe”. Na sexta-feira passada, durante entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, o presidenciável do PSL voltou a falar em risco de fraudes na eleição e afirmou que, por conta disso, não aceitaria um resultado diferente da vitória na disputa.

“Somando a fala de Bolsonaro com as declarações anteriores do vice, general Mourão, sobre a criação de uma nova Constituição, e juntando lé com cré, percebemos a iminência de um golpe”, afirmou o candidato pedetista.

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Para Marina, País não pode ‘cair nos extremos’

 

 

 

01/10/2018

 

 

 

A candidata a presidente da Rede, Marina Silva, disse ontem que o País não pode “cair nos extremos”, em uma referência ao cenário polarizado com os dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto: Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Marina alfinetou ainda a proposta de uma nova Constituinte de Haddad, alegando que pode também ser um “retrocesso” à democracia.

“O Brasil não pode cair nos extremos. Esse é um momento difícil que precisa ser encarado pelos jovens libertários, pelas pessoas intelectuais, empresários democráticos”, disse a presidenciável durante caminhada na Avenida Paulista.

“Dizer que vai convocar uma nova Constituição sem explicar para população brasileira quais as bases dessa convocação pode também significar ameaças a retrocessos à nossa democracia. Não queremos nenhum projeto que flerte com a Venezuela no Brasil”, afirmou a candidata. Na sexta-feira, Haddad disse que pretende convocar uma nova Constituinte.

Marina também criticou Bolsonaro. “Não queremos o autoritarismo e o desrespeito do Bolsonaro com as mulheres, com os negros, os índios, com os gays, com todas as pessoas”, disse. Anteontem, Marian esteve no protesto contra o candidato em São Paulo.

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Petista ‘poupa’ presidenciável do PSL, diz Alckmin

 

 

 

01/10/2018

 

 

 

O ex-governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, disse ontem que o PT poupa o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, porque quer enfrentá-lo no segundo turno. “Tudo que o PT quer é ter o candidato de maior rejeição no segundo turno. O PT poupa o Bolsonaro. Tudo que quer é ter ele no segundo turno”, afirmou o tucano, após participar de agenda de campanha no Grajaú, na zona sul da capital paulista.

Alckmin também falou sobre os eventos contra Bolsonaro que reuniu manifestantes em várias capitais do País no sábado. “Os atos mostram o sentimento do povo brasileiro, que não aceita intolerância. A discriminação contra as mulheres será fragorosamente derrotada.” Ele repetiu o mote que vem usando para pregar uma terceira via na disputa presidencial. “Sou daqueles que defendem que ele não (referência à campanha nas redes sociais #elenão, contra Bolsonaro), nem o outro (Haddad).”