O Estado de São Paulo, n. 45709, 10/12/2018. Política, p. A8

 

Queiroz 'tem que explicar', diz Bolsonaro

Renata Agostini

10/12/2018

 

 

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou ontem que será o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, que tem de explicar os depósitos que recebeu. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação financeira atípica do ex-assessor, de R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, como revelou o Estado.

Alguns depósitos foram feitos para Queiroz por outros servidores que tiveram passagem pelo gabinete de Flávio. O assessor depositou R$ 24 mil na conta da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo o presidente eleito, seria o pagamento de uma divida com ele.

Questionado se enxergava com “naturalidade” a movimentação na conta de Queiroz, o futuro presidente disse que o ex-assessor é quem tem de dar as respostas. “Ele tem que explicar. Pode ser e pode não ser”, disse Bolsonaro, sem deixar claro se estava se referindo a alguma irregularidade específica. O Coaf indicou movimentação, a princípio, incompatível com a renda do ex-assessor.

Bolsonaro também relativizou a importância de algumas informações divulgadas. “Das três pessoas que repassaram mais de R$ 4 mil ao longo de um ano, duas eram filhas e uma, esposa (de Queiroz). Um repassou R$ 800. Não repassou, botou na conta dele. Oitocentos reais é repasse ao longo de um ano? Pelo amor de Deus”, afirmou.