Correio braziliense, n. 20228 , 08/10/2018. Política, p.3

Bolsonaro questiona resultado

Bernardo Bittar
 
 
 
 

Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) mobilizaram mais de 80 milhões de eleitores. Vencedores do primeiro turno, disputam a Presidência da República após meses de uma campanha complexa e imprevisível. Do Rio de Janeiro, o deputado federal gravou um vídeo, postado nas redes sociais, atacando os petistas e reforçando seu discurso em torno da ordem e da segurança pública. Disse que não quer “gente como eles” ocupando o Planalto. Em São Paulo, Haddad atacou o concorrente e pediu união democrática, dizendo que o argumento será a única arma do PT.

No vídeo gravado em casa, Bolsonaro criticou, mais uma vez, as urnas eletrônicas. Na visão dele, se o aparelho não tivesse dado problemas, teria sido eleito ontem — ele, porém, não menciona que problemas seriam esses. “Não podemos nos recolher. Vamos, juntos, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) exigir soluções para isso que aconteceu. Foi muita coisa. Se isso não tivesse ocorrido, se tivesse confiança no sistema eletrônico, já teríamos o nome do novo presidente. O que está em questão é nossa liberdade”, disparou. O vídeo foi transmitido ao vivo pelo Facebook do candidato, pouco depois das 21h. Durante o pronunciamento, a gravação atingiu 2 milhões de espectadores.

Sem tocar no arenoso terreno da economia, Bolsonaro fez o pronunciamento ao lado de Paulo Guedes, guru econômico do capitão reformado do Exército, e possível ministro da Fazenda numa eventual gestão do PSL no Planalto. Embora tenha uma confortável liderança entre os eleitores, o presidenciável atacou novamente o PT. “Não vai ser fácil este segundo turno. Eles têm bilhões para gastar. Quebraram grandes empresas, afundaram bancos. Eles têm dinheiro. Eles também têm parte da mídia favorável a seus propósitos. Pena que parte da imprensa brasileira não abriu os olhos. O que eles esperam com a volta do PT ao poder?”

 

Chumbo grosso

Já Haddad, embora tenha começado o discurso em tom pacificador, usou palavras duras ao falar sobre Bolsonaro. O chumbo trocado ocorreu praticamente ao mesmo tempo, sem que nenhum candidato tivesse tempo de “responder” ao outro. O petista afirmou que iniciará hoje a campanha do segundo turno, que, para ele é uma “oportunidade de ouro” para discutir “olho no olho” do eleitor e vencer a eleição.

“Nós vamos enfrentar esse debate, queremos enfrentar esse debate muito respeitosamente. Nós vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento. Nós não portamos armas, nós vamos com a força do argumento para defender o Brasil e o seu povo, sobretudo o povo mais sofrido deste país, que espera responsabilidade social de todos nós”, disse. “Achamos que há muita coisa em jogo no Brasil em 2018, é uma eleição incomum. Muito diferente de todas das quais participamos.”