Correio braziliense, n. 20254, 03/11/2018. Opinião, p. 11

 

Um Brasil mais forte e mais real

Izalci Lucas 

03/11/2018

 

 

Em Ensaio sobre a cegueira, o escritor português José Saramago diz que “há imensa responsabilidade: a de ter olhos quando os outros o perderam”. O PT e os partidos de esquerda que chegaram ao poder no Brasil, com a promessa de olhar e, sobretudo, lutar pelo povo, perderam o bonde da história. Deveriam, no mínimo, ter visto a insatisfação daqueles que diziam defender, mas a arrogância e “o meu pirão primeiro” lhes cegaram as vistas e o coração. Não quiseram ver, tampouco sentir. Poderiam ter feito diferente, mas acabaram por repetir a história de todos os seus correligionários derrotados mundo afora. Não fizeram o bem para todos, somente para eles mesmos.

A esquerda e seus filósofos de meia-tigela não saíram às ruas para sentir seu povo e sua gente. Preferiram apostar em formar nas escolas e faculdades uma geração de papagaios barulhentos para propagá-los e suas teorias absurdas, dourando a vida e a biografia daqueles que tanto mal fizeram à humanidade. Josef Stalin, Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, só para citar alguns dos pseudo-heróis, que mataram muito mais que o holocausto, hoje povoam a cabeça e as mentes de nossos jovens estudantes. Viraram palavras de ordem para a turba.

Mas, como bem dizia minha avó, “a mentira tem pernas curtas” e, no Brasil, o troco veio nas urnas, não para eleger Jair Bolsonaro, mas qualquer um que não perpetuasse a mentira e, sobretudo, o descaso com trabalhadores e trabalhadoras, responsáveis por girar a roda da economia no país. Cidadãos e cidadãs que exigem um Brasil mais igual e mais justo. Homens e mulheres que querem ver seus filhos educados, seguros e prósperos.

O plano do PT e seus apoiadores era se manter no poder por 50 anos, como adiantou o ex-ministro José Dirceu, às custas dos milhares de desvalidos que, sem alternativa de estudar e de se qualificar para o mercado de trabalho, têm na esmola mensal do governo a única forma de continuarem vivos. Os programas sociais que deveriam eliminar a pobreza fracassaram. Em vez de oferecer um futuro melhor, aprisionaram milhões de brasileiros na miséria. Faltou enxergar para além de seus próprios interesses. O Brasil tem hoje, segundo o IBGE, quase 15 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza.

Não viram nada disso. Não quiseram enxergar o povo. E, apesar de saberem da grave situação que o país enfrenta, fruto de seus governos irresponsáveis e perdulários, vieram para essas eleições da mesma forma que vieram em 2010 e 2014: com postes e mentiras. Primeiro, apresentaram ao povo uma gerentona, mãe do PAC, competente e honesta. Provou-se que era um poste malfeito e sem luz. Provou-se que tinha a missão única de esquentar a cadeira do agora presidiário Lula e dele receber ordens. Venderam algo esdrúxulo,  que não existia. Um verdadeiro engodo.

Agora, mais uma vez, quiseram fazer o mesmo, inventando um candidato que, de fato, nunca existiu, pois tratava-se de alguém que não tinha rosto nem voz própria. Um boneco ventríloquo. Um fantoche de Lula, o presidiário. Algo completamente absurdo e nunca visto. Foram longe demais. Deram com os burros n’água. O povo acordou e o gigante se levantou. O Brasil de verdade saiu da letargia e disse: “Chega de farsa!” Saramago, que era de esquerda e acreditava na esquerda, ainda alertou: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” Não viram nem tampouco repararam. (...)

 

IZALCI LUCAS

Deputado federal e senador eleito pelo PSSB/DF