A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) repudiaram a postagem do presidente Jair Bolsonaro, atacando a jornalista Constança Rezende, do Estado de S. Paulo. No domingo, horas antes do início de uma semana crucial para o governo, em que a reforma da Previdência dará os primeiros passos na Câmara dos Deputados, o chefe do Executivo usou o seu perfil no Twitter para divulgar um áudio com a gravação de uma conversa da repórter e com informações falsas sobre a profissional.

“Constança Rezende, do ‘O Estado de SP’, diz querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Ela é filha de Chico Otavio,  profissional do ‘O Globo’. Querem derrubar o governo, com chantagens, desinformações e vazamentos”, postou Jair Bolsonaro. Na gravação, com trechos de uma conversa em inglês, a jornalista afirma que a investigação que liga o filho do presidente às milícias poderia comprometer o governo.

A conversa foi divulgada pelo site de militância de direita Terça Livre. No início da tarde de ontem, a OAB divulgou uma nota em que o presidente nacional da instituição, Felipe Santa Cruz, trata o caso como fake news e disse que a publicação de notícias falsas “pode desestabilizar o sistema democrático”. Ele também anunciou que a instituição criará um Observatório Permanente para combater as fake news.

A Abraji também divulgou uma nota. “Na noite de domingo, o presidente Jair Bolsonaro fez um novo ataque público à imprensa, desta vez, valendo-se de informações falsas. Isso mostra não apenas descompromisso com a veracidade dos fatos (...), mas, também, o uso de sua posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e jornalistas, uma atitude incompatível com seu discurso de defesa da liberdade de expressão”, afirmou o texto.

Ainda segundo a publicação, Bolsonaro mobilizou eleitores para agredir jornalistas e veículos, o que “abala um dos pilares da democracia: a existência de uma imprensa livre e crítica”.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também se manifestou. Em nota, a instituição considerou a postagem de Bolsonaro “grave ofensa ao livre exercício profissional, à liberdade de imprensa e à própria democracia”.

Assessora de deputado do PSL

Fernanda Salles Andrade, que assina texto com informações falsas sobre a jornalista do Estadão no site Terça Livre, ocupa cargo no gabinete do deputado estadual Bruno Engler (PSL), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Em vídeo publicado ontem, Engler diz que “não tem problema nenhum ela (Fernanda) trabalhar para mim e trabalhar para o Terça (Livre)”.