Valor econômico, v.19, n.4555, 27/07/2018. Política, p. A9

 

Alvaro Dias volta a rechaçar hipótese de desistir de candidatura presidencial

Ricardo Mendonça

27/07/2018

 

 

Pré-candidato do Podemos à Presidência da República, o senador Álvaro Dias (PR) rechaçou ontem a hipótese de ser colocado como candidato a vice numa chapa encabeçada pelo tucano Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo.

As citações ao nome de Dias como possível vice do presidenciável tucano teriam voltado a crescer no entorno de Alckmin após o fracasso da articulação para inscrição do empresário Josué Gomes da Silva (PR) ao posto.

Dias foi reeleito senador em 2014. Tem mandato até 2022. Como parlamentar, não precisa renunciar para disputar eleição. Desde o início, ele sempre foi muito enfático ao reafirmar sua candidatura. Ontem não foi diferente.

Em entrevista ao Valor por telefone, o senador afirmou que não recebeu nenhuma ligação, sugestão ou convite para conversa sobre esse assunto por parte de interlocutores da pré-campanha rival. E não recebeu, afirmou, porque "ninguém está disposto a ouvir um desaforo".

"Considero uma ofensa essa persistência", disse o senador. "Não deles [dos tucanos], mas da imprensa. As pessoas têm dificuldade de considerar quem honra a palavra, quem tem compromisso. Eu estou numa luta, estou numa missão. E a missão é propor um rompimento com o sistema. Sistema que é sustentado hoje pelo PSDB", completou.

A pretensão eleitoral de Álvaro Dias é vista no meio político como um entrave para o crescimento de Alckmin na região sul do país. O senador costuma marcar algo entre 3% e 5% das intenções de voto em todo o país. Mas com preferência altamente concentrada no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Conforme o cenário testado, ele chega a cerca de 15% das intenções de voto nos três Estados.

Em 2010, Dias chegou a ser anunciado como candidato a vice do então presidenciável tucano José Serra. Mas recebeu veto do DEM e acabou substituído pelo hoje deputado Índio da Costa.

Álvaro Dias não poupa Alckmin de suas críticas "ao sistema". Ele manifesta reprovação ao acordo fechado entre o tucano e o Centrão, agrupamento que reúne DEM, PP, PRB, SD e PR. "Alckmin assimilou o espírito do que eu combato ao receber esse ajuntamento de siglas. É a velha política. Você pode perguntar se eu aceitaria o apoio do Centão. Eu aceitaria, claro que eu queria. Mas sem negociar cargos, sem esse tipo de barganha", concluiu.