Correio braziliense, n. 20425, 23/04/2019. Economia, p. 7

 

Pressão contra o Irã faz petróleo subir

23/04/2019

 

 

Os Estados Unidos anunciaram ontem que eliminarão no mês que vem todas as isenções que permitiam que oito países continuassem comprando petróleo iraniano. As consequências das medidas foram imediatas. Os contratos futuros do petróleo Brent avançaram US$ 2,07, ou 2,88%, e fecharam a US$ 74,04 por barril. A máxima da sessão, de US$ 74,52 o barril, foi o maior valor de referência desde 1º de novembro. Já os futuros do petróleo norte-americano saltaram US$ 1,70, ou 2,66%, fechando a US$ 65,70 por barril. O contrato bateu US$ 65,92 dólares/barril, sua máxima desde 31 de outubro.

Trump decidiu impor sanções a todos os países, incluindo aliados como a Índia, em um novo passo para aumentar a pressão contra Teerã, principal inimigo do país no Oriente Médio. “Se não respeitarem, haverá sanções”, alertou o secretário de Estado, Mike Pompeo.

Um dos países afetados, a Turquia, pretende desobedecer à ordem de Washington, que provocou um aumento dos preços globais. “Não aceitamos sanções unilaterais e imposições sobre como estabeleceremos relações com nossos vizinhos”, disse em resposta à ameaça americana o ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, acrescentando que a medida não ajudará na “paz e na estabilidade regionais”.

Para reduzir a resistência, em nota a Casa Branca garantiu o abastecimento. “Estados Unidos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, três dos maiores produtores energéticos do mundo, com nossos amigos e aliados, se comprometem a garantir que os mercados mundiais de petróleo sigam adequadamente abastecidos.”

Com essa medida, Trump “visa zerar as exportações de petróleo do Irã, privar o regime de sua principal fonte de renda”, anunciou a Casa Branca. Especialistas acreditam, entretanto, que será muito difícil zerar as vendas iranianas, já que sempre haverá um mercado negro. Em 2017, o Irã obteve US$ 52,7 bilhões com negociação de petróleo, antes de Washington retomar as sanções, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

A medida é especialmente delicada para a Índia, aliada estratégica de Washington e terceiro maior importador de petróleo do mundo. O país já enfrenta pressão dos EUA para deixar de comprar petróleo da Venezuela, na luta de Trump para derrubar o mandatário Nicolás Maduro.

Os demais países sancionados — Grécia, Itália, Japão, Coreia do Sul e Taiwan — já reduziram drasticamente suas compras de petróleo iraniano. A Chancelaria da Coreia do Sul garantiu em nota que está em consultas com os Estados Unidos e que fará “o possível” para “renovar a isenção” até a próxima semana, quando o prazo dado expira.

Fim do acordo

Os Estados Unidos voltaram a impor sanções em novembro de 2018 às exportações de petróleo iraniano depois que Trump se retirou unilateralmente de um acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências mundiais. O presidente norte-americano criticou o acordo alcançado pelo antecessor Barack Obama como “o pior negócio de
todos os tempos”.

14 milhões ainda não entregaram IR

A apenas uma semana para o fim da entrega da declaração do Imposto de Renda, quase 14 milhões de contribuintes ainda não prestaram as contas com o Leão. Até ontem, a Receita Federal contabilizou mais de 16 milhões de declarações entregues. Para esse ano, ela espera cerca de 30,5 milhões de contribuintes. De acordo com Joaquim Adir, supervisor nacional de IR, o número de declarações entregues até agora é bom e bem parecido com o do ano passado. “Ainda estamos dentro da meta. Está tudo certo, a princípio vamos atingi-la”, disse. Para ele, a demora do brasileiro em declarar é cultural. “Se pegarmos gráficos de cinco anos, vemos que o comportamento é o mesmo”, afirmou. Para quem ainda não declarou, ele aconselha se apressar. “Está chegando a hora. Baixe o programa, veja a documentação e confira se tem alguma dúvida para ser esclarecida, alertou.