O Estado de São Paulo, n. 45831, 11/04/2019. Política, p. A8

 

Procuradoria oferece mais duas denúncias contra Michel Temer

 

 

 

11/04/2019

 

 

 

Ex-presidente é acusado de organização criminosa – no caso do chamado ‘quadrilhão do MDB’ – e obstrução da Justiça

 

 

Casa. Temer em SP no dia 25 de março, após ser solto

 

O Ministério Público Federal em Brasília ratificou ontem duas denúncias contra o ex-presidente Michel Temer. As acusações apontam crimes de organização criminosa – no caso conhecido como “quadrilhão do MDB” – e de embaraço à investigação, pelo episódio em que o emedebista foi gravado pelo empresário Joesley Batista, no Palácio do Jaburu. Em 2017, durante o mandato de Temer, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu uma denúncia para os dois crimes.

Uma das denúncias também atinge os ex-ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia). O processo relacionado a Temer e aos ex-ministros estava suspenso porque não havia sido autorizado pela Câmara dos Deputados. Com o fim do mandato do ex-presidente, a denúncia foi enviada à primeira instância.

Na peça oferecida por Janot, os emedebistas são acusados de praticar ilícitos em troca de propina por meio da utilização de órgãos públicos, como Petrobrás e Caixa. Já a acusação por embaraço diz que Temer “instigou” Joesley a pagar “vantagens” ao corretor Lúcio Funaro e ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ). Em conversa gravada por Joesley no Jaburu, Temer diz: “Tem que manter isso, viu?”, o que foi considerado uma tentativa de silenciar o deputado cassado.

O ex-presidente já é réu em quatro ações penais e, agora, alvo de três denúncias.

 

‘Sem fundamento’. O criminalista Eduardo Carnelós, defensor de Temer, disse que “nenhuma da acusações tem fundamento em prova, e se amparam apenas nas palavras de delatores.” Segundo ele, o ex-presidente “nunca integrou, muito menos liderou, organização criminosa, nem agiu para embaraçar investigação qualquer que fosse”.

O defensor de Moreira Franco, Antônio Sérgio Pitombo, classificou a acusação de “absurda”. Padilha disse que foi alvo da acusação de organização criminosa “pelo único fato de estar no governo e nada mais”./ J.A. e F.M.