O Estado de São Paulo, n. 45887, 06/06/2019. Política, p. A4

 

Beto Richa é denunciado por fraude em edital de rodovia

Julia Affonso

06/06/2019

 

 

Acusação do Ministério Público Federal afirma que ex-governador do Paraná recebeu propina para favorecer consórcio

O Ministério Público Federal no Paraná denunciou ontem o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) e mais seis pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitação da rodovia PR-323. A força-tarefa da Lava Jato afirma que, em 2014, os acusados cometeram ilícitos relacionados a uma Parceria Público-Privada para exploração e duplicação da PR323. De acordo com a denúncia, houve fraude em favor de consórcio integrado, entre outras empresas, pela Odebrecht.

Em menos de um ano, entre 2018 e 2019, Richa foi preso – e solto – três vezes, alvo de investigações diferentes, e virou réu em ações penais. Em abril, o exgovernador do Paraná deixou a cadeia pela terceira vez.

Segundo a investigação que baseou a denúncia apresentada ontem, executivos das empresas do consórcio e agentes públicos mantiveram contatos antes da publicação das diretrizes para a licitação. “Os agentes públicos atuaram para o afastamento de potenciais concorrentes e descumpriram formalidades legais. Para garantir o favorecimento do consórcio, o grupo criminoso integrado pelo ex-governador recebeu vantagens indevidas de R$ 7,5 milhões”, disse a Procuradoria.

A denúncia menciona perícias nos sistemas Drousys e MyWebDay, da Odebrecht, que, segundo o Ministério Público, “revelaram ao longo de 2014 pagamentos ao codinome ‘Piloto’, utilizado para identificar o ex-governador”.

A força-tarefa relatou ainda que parte do valor destinado a Richa foi repassada por meio de cotas de um imóvel em valor subfaturado. “Esse valor foi dissimulado pela participação da Ocaporã como intermediária, empresa ligada por intrincadas relações societárias a Beto Richa e seus familiares.”

‘Inocência’. A defesa de Richa afirmou que o ex-governador “não cometeu nenhuma irregularidade e sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos, reiterando sua inocência”. A Odebrecht disse que colabora com as investigações.