O globo, n. 31401, 28/07/2019. País, p. 18

 

Após semestre morno, Senado deve ter maior protagonismo

Daniel Gullino

28/07/2019

 

 

Reforma da Previdência vai chegar à Casa em agosto; também haverá sabatina para PGR e embaixada em Washington

Após um primeiro semestre de relativa tranquilidade, o Senado deverá ter um protagonismo maior no resto do ano. Em agosto, deve chegar na Casa a reforma da Previdência, prioridade tanto do governo quanto dos parlamentares. Também caberá aos senadores confirmar as indicações do novo procurador-geral da República (PGR) e do novo embaixador em Washington (possivelmente o deputado

federal Eduardo Bolsonaro). Além disso, devem ser discutidos o pacto federativo, o pacote anticrime e a reforma tributária — os dois últimos, de forma simultânea à Câmara. A expectativa é que a reforma da Previdência seja votada entre 45 e 60 dias. Está sendo articulada a reinclusão de estados e municípios, mas em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela.

Em outra frente, será analisada a indicação para a PGR. O mandato da atual procuradora-geral, Raquel Dodge, termina no dia 17 de setembro. O presidente Jair Bolsonaro prometeu apresentar sua indicação até um mês antes. O indicado será sabatinado pela CCJ. A presidente da comissão, Simone Tebet (MDB-MS), afirma não acreditar que a indicação para a PGR atrapalhe a reforma da Previdência.

— O fundamental é o Senado não deixar a política contaminar a agenda econômica. Enquanto isso, a indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada deve ser enviada ao Senado. Bolsonaro já pediu o agrément — uma espécie de sinal verde —ao governo americano. O próximo passo é uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores (CRE).

O líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), indica que a oposição poderá atuar para derrubar as duas indicações, a depender de quais forem os nomes. —Se por um acaso o presidente insistir nesse absurdo de nomeação do filho para a embaixada em Washington, o Senado vai ser a última raia para afirmar que o Brasil é uma República, não uma monarquia aristocrática. A mesma coisa em relação à PGR. Há uma tradição desde 2003 de indicação da listra tríplice.

Já o líder do PSL, Major Olímpio (SP) não vê risco dos nomes do governo, sejam eles quem foram, serem rejeitados:

— A oposição irá fazer seu gesto de marcar posição contrária, mas não creio que deva ter complicação. Após a reforma da Previdência, os senadores também querem dar prioridade a dois projetos: o pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça) e a reforma tributária. As duas propostas tramitam também na Câmara, mas os parlamentares negam que haja uma disputa por protagonismo.