Título: Mutirão petista em Campinas e São Paulo
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Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Política, p. 6

Em comícios de Pochmann e Haddad, atual e ex-presidente lembram dos dez anos no Planalto e criticam presídios e pedágios tucanos

A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dividiram-se ontem entre os palanques dos candidatos do PT Márcio Pochmann (Campinas) e Fernando Haddad (SP). Após ter feito, na véspera, apresentação solo em Salvador no palanque de Nelson Pellegrino (PT-BA), Dilma compartilhou o mesmo palco com seu mentor político. Em Campinas, ela ressaltou que os dez anos do PT no governo federal mudaram o Brasil. “Representamos em 10 anos de governo, oito anos do Lula, e dois anos do meu governo, uma nova forma de fazer política com desenvolvimento para o País e onde as pessoas tenham oportunidade de estudar”, disse Dilma.

Foi o maior comício da campanha de Pochmann, que disputa o segundo turno contra Jonas Donizette (PSB). Campinas também foi a única não capital de estado visitada pela presidente durante a eleição municipal. Donizette, apesar de filiado ao PSB, é mais próximo do governador Geraldo Alckmin do que dos petistas. Além disso, Pochmann é ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) durante os governos Lula e Dilma e comunga com a presidente das teses desenvolvimentistas da PUC-Campinas.

Lula aproveitou para atacar os tucanos. O ex-presidente afirmou que o PSDB em 20 anos à frente do governo do estado de São Paulo não beneficiou Campinas como o PT no governo Federal. “Duvido que os tucanos que estão no governo do Estado tenham colocado nesses 20 anos em Campinas o dinheiro que eu coloquei quando fui presidente”, disse Lula, que também afirmou que o PSDB levou para a cidade apenas “presídios e os pedágios mais caros do Brasil”.

Num palanque repleto de ministros do governo federal, prefeitos eleitos petistas e lideranças nacionais do partido, a presidente Dilma mandou um recado para o adversário local do PSB, que tem usado a aliança do partido no governo federal na campanha: “Somos de um governo que não persegue ninguém e não discrimina, mas isso não significa que eu não tenha time”. Ela já tinha usado o mesmo mote no discurso de sexta-feira à noite, no bairro de Cajazeiras, periferia baiana.

Tucano faz apelo Haddad, que participou de comício na noite de ontem com Lula e Dilma, na Zona Norte paulistana, tenta não se deslumbrar com a liderança folgada nas pesquisas. O comando de campanha petista quer evitar o “salto alto” nesta reta final diante da boa vantagem — 17 pontos percentuais de dianteira sobre José Serra de acordo com o mais recente levantamento do Datafolha. “O juiz só apita o jogo às 17 horas do dia 28”, declarou o candidato do PT, em uma referência à hora de fechamento das urnas no segundo turno que será disputado no próximo domingo.

Já Serra, que, além de ver o adversário se distanciar, amarga uma rejeição de 52% de acordo com o mesmo Datafolha, pediu ontem, durante evento com militantes do PTB mulher, para que os aliados tentem “fazer a cabeça” dos eleitores indecisos e intensifiquem uma campanha para que pessoas com mais de 70 anos participem da eleição. Essa é a faixa etária do candidato do PSDB. “As pessoas ainda não decidiram. Mais ainda: é preciso fazer com que as pessoas com mais de 70 anos, que precisam muito da prefeitura, votem no domingo. Temos que fazer essa campanha”, disse o tucano. O pedido tem a ver com as planilhas das pesquisas. Serra vai melhor que seu rival entre os idosos paulistanos.

“As pessoas ainda não decidiram. Mais ainda: é preciso fazer com que as pessoas com mais de 70 anos, que precisam muito da prefeitura, votem no domingo” José Serra, candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo