Título: PT e PSDB a reboque de Sérgio Cabral
Autor: Correia, Karla; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 20/10/2012, Política, p. 8

Enfraquecimento das duas siglas rivais no Rio de Janeiro aumenta o cacife do governador

As declarações do prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), sobre as credenciais do governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), para ocupar a vaga de vice na futura chapa da presidente Dilma Rousseff para a próxima eleição presidencial repercutiram no meio político como um sinal de alerta emitido do segundo maior colégio eleitoral do país. O considerável capital político amealhado por Cabral é visto com preocupação tanto pelo PT de Dilma Rousseff quanto pelo PSDB do seu provável adversário na corrida de 2014, o senador Aécio Neves (MG).

Ambos os partidos são fracos no estado onde Cabral é a força dominante. A bancada federal do PSDB fluminense se resume a dois deputados e nenhum senador. O partido conseguiu eleger apenas duas prefeituras este ano e, na disputa pela capital, o candidato tucano, Otávio Leite, amargou um constrangedor quarto lugar, com apenas 2,47% dos votos.

A situação do PSDB no Rio é tão frágil que caciques da legenda só enxergam duas saídas: a refundação do partido no estado ou o apoio à criação de uma nova sigla, nos moldes do trabalho feito em favor da criação do PSD em vários estados, mas com a mira apontada para o eleitorado fluminense. A nova agremiação teria a função de ajudar a ancorar o PSDB em futuras alianças e, no médio prazo, se aglutinar aos tucanos, servindo de caminho das novas lideranças do estado em direção ao PSDB.

“O fundamental é encontrar um novo caminho para o partido no Rio. A manutenção da situação atual terá um alto custo para o PSDB em 2014, admite um tucano de expressiva plumagem.

PT coadjuvante O PT vive uma situação um pouco melhor no estado do Rio, com 10 prefeitos eleitos este ano, cinco deputados federais e um senador — Lindbergh Farias, o nome mais forte da legenda no Rio, mas ainda não testado nas urnas contra um possível adversário do PMDB. “Se o PT não estiver em uma aliança com a gente, ele é o nome. Mas tem que ver que todas as eleições que ele disputou até agora — para a prefeitura de Nova Iguaçu (RJ) e para o Senado — ele teve ajuda, foi o candidato do Cabral”, provoca o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ). “Uma candidatura ao governo do estado seria o primeiro teste de Lindbergh contra o poder de fogo do PMDB carioca”.

Interlocutor próximo da presidente Dilma Rousseff, Sérgio Cabral já avisou a ela sua intenção de se afastar do governo do Rio em 2013 para dar ao vice-governador, Luiz Fernando Pezão, a chance de ganhar corpo e se capitalizar para a disputa sucessória no ano seguinte. Nesse meio tempo, Eduardo Paes age como o escalado de Cabral para ampliar as fronteiras do PMDB fluminense em direção ao Palácio do Planalto. “Não podemos nos esquecer de que temos um governador que se tornou modelo para a segurança pública e que, no momento certo, terá condição de disputar qualquer cargo a nível nacional”, diz Picciani.