O Estado de São Paulo, n.46189, 03/04/2020. Política, p.A6

 

Governadores alertam União para risco de ‘colapso econômico’

Pedro Caramuro

Gabriel Caldeira

Elizabeth Lopes

Caio Sartori

03/04/2020

 

 

Chefes do Executivo das regiões Sul e Sudeste pedem urgência no envio de recursos e ameaçam entrar com ação no STF

SP. Governador João Doria durante reunião com auxiliares

Governadores do Sul e Sudeste devem encaminhar uma carta ao governo federal solicitando “ações urgentes” para “evitar o colapso econômico dos Estados”, e se preparam para acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), via ação judicial, caso a União demore a adotar medidas efetivas para socorrê-los durante a crise do novo coronavírus.

O entendimento foi alcançado após reunião virtual do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), com os sete governadores das duas regiões. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), lembrou ontem que estes Estados representam 71% da economia brasileira e “são os que mais estão sofrendo com a covid-19”. Também será encaminhada uma carta aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), a esperança é de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresente propostas até semana que vem. “É preciso que o governo entenda que precisamos descentralizar recursos para os Estados, que nesse momento precisam de liquidez.” Ele voltou a pedir R$ 50 bilhões para os Estados, medida que defende desde o início da pandemia.

Witzel levou à reunião uma proposta de judicialização dos pedidos caso Guedes demore a acatá-los. “Caberá ao Supremo mediar esse conflito e adotar as medidas impositivas que somente o Judiciário pode tomar, como sequestrar fundos”, disse. Ele ainda criticou a demora do governo federal em enviar materiais como respiradores e testes rápidos. Criticou ainda a ideia do presidente Jair Bolsonaro de se encontrar, hoje, com o prefeito Marcelo Crivella no hospital de campanha da Prefeitura. “Neste momento, o exemplo que devemos dar é não fazer política em cima de uma situação dramática como a que estamos vivendo. E muito menos causar aglomeração”, disse.