Título: Com a bênção de FHC
Autor: Souto , Isabella
Fonte: Correio Braziliense, 26/02/2013, Política, p. 2

Belo Horizonte — Depois de ocupar a tribuna do Senado com o discurso de candidato à sucessão do Palácio do Planalto em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB) recebeu ontem a bênção do seu maior cabo eleitoral: o ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB nacional, Fernando Henrique Cardoso. O tucano reforçou a escolha do senador como o melhor nome do partido para tentar tirar o PT do Palácio do Planalto. Em evento na noite de ontem na capital mineira, FHC endureceu o discurso de oposição ao chamar a presidente Dilma Rousseff de “ingrata” e dizer que sua administração usurpou o projeto tucano de governo e agora “cospe no prato que comeu”. Ele afirmou ainda os tucanos não “roubaram” enquanto estiveram no poder.

“Neste momento a pessoa que tem mais condições (de disputar a sucessão presidencial) é o Aécio Neves. Não vejo outro nome. É o momento de renovação do falar, do estilo da pessoa. É o momento de sacudir o país”, afirmou o ex-presidente, que esteve em Belo Horizonte para proferir a palestra O século 21: desafios, ameaças e oportunidades, evento que marcou a abertura do ciclo de debates Minas Pensa o Brasil, promovido pelo PSDB mineiro. Embora tenha deixado clara sua escolha, FHC ressaltou que a candidatura precisa ser construída discutindo os problemas reais do Brasil e lançada apenas no momento oportuno. E garantiu que vai percorrer o país ao lado de Aécio para “plantar a semente da vitória”.

Questionado sobre uma possível resistência do PSDB de São Paulo ao nome do mineiro, FHC afirmou que é coisa do “passado”. “São Paulo vai ver qual é o líder que pode levar o partido à vitória. No meu julgamento, quem tem mais capacidade é o Aécio”, reforçou. O tucano argumentou ainda que nas últimas três disputas eleitorais os candidatos do partido — o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-governador José Serra — levaram as eleições para o segundo turno, mostrando que o PSDB tem quadros competitivos.

Ao comentar as declarações de Dilma durante as comemorações dos 10 anos do PT no governo federal — a presidente disse que não recebeu nenhuma herança dos tucanos —, Fernando Henrique foi irônico. “O que se pode fazer quando a pessoa é ingrata?” Segundo ele, o PT deixou de lado as promessas feitas durante a campanha eleitoral — de investir no social e governar com ética, para copiar os programas adotados por ele, que governou o Brasil de 1995 a 2002.

Mensalão Em discurso, o senador Aécio Neves (PSDB) destacou a importância de observar quem são as pessoas que acompanham os líderes do país — em alusão à condenação de vários petistas e aliados do governo no processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. FHC foi além: “Nós mudamos o rumo do Brasil, nós fizemos muitas coisas, mas não roubamos, não”.

Nos próximos meses, os debates se estenderão por vários estados. “É hora de o PSDB voltar com propostas como criar empregos de mais qualidade e focar na melhoria da educação. Com a privatização, sim, de setores que precisam. É hora de discutir os problemas reais do Brasil. Tenho ao lado o responsável pelas maiores transformações do país”, disse Aécio.

Se os tucanos ainda preferem aguardar uma data mais próxima das eleições para confirmar o nome do senador mineiro, entre os principais representantes do partido que compareceram ao evento, o nome de Aécio deve ser lançado o quanto antes. Para secretários, prefeitos e deputados do PSDB, a confirmação da candidatura presidencial vai permitir que ele chegue a 2014 com reais chances de vencer as eleições.