Título: R$ 1 tri contra os nós
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 27/02/2013, Economia, p. 8

O governo vai aproveitar o encontro de hoje da presidente Dilma Rousseff com empresários para discutir estratégias para ampliar os investimentos, que deverão recuar pelo sexto trimestre consecutivo, segundo expectativas de economistas. Somente em infraestrutura são necessários mais de R$ 1 trilhão para destravar os nós do desenvolvimento, dizem especialistas. "O momento agora é de escolher a prioridade. Essa palavra é no singular. Não existem várias", disse, em entrevista ao Correio, o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Moreira Franco, responsável pela organização da 40ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado Conselhão.

Dos cerca de 90 membros, entre representantes do setor privado, sindicalistas e acadêmicos, 80 confirmaram presença para o evento, que acontecerá no Palácio do Planalto. Na avaliação de empresários, os investimentos são o trampolim para que o país reduza os gargalos sociais e financeiros nos próximos dois anos, e não mais o consumo doméstico. Os programas de concessão em infraestrutura do governo, nesse sentido, serão o fermento para que esse bolo cresça, segundo uma fonte ligada ao empresariado.

O ministro reconheceu que os planos de investimentos do governo, como os do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ainda avançam a passos lentos. Dos R$ 328 bilhões aplicados em obras concluídas do PAC (menos da metade do previsto até 2014), a União foi responsável por apenas 10% desse total.

Espírito animal

Segundo Moreira Franco, os principais obstáculos para avançar as obras do PAC estão na gestão e na obtenção de licenças para os projetos. "O problema maior não é dinheiro, mas superar os entraves técnicos e ambientais", afirmou. Ele contou que, durante o evento, o governo "reafirmará aos empresários que investimento é fundamental".

Para economistas, declarar intenções não será suficiente para despertar o "espírito animal" dos investidores, como espera a presidente Dilma Rousseff. Faltam confiança e condições competitivas para o capital em relação a outros países ávidos por atrair o excesso de liquidez no mercado internacional.