Correio braziliense, n. 21022, 14/12/2020. Política, p. 4

 

52 anos do AI-5

14/12/2020

 

 

Considerado o ato mais duro da ditadura militar de 1964, o Ato Institucional nº 5 completou 52 anos ontem. Por isso, autoridades, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, aproveitaram a data para ressaltar a importância de preservar a democracia e a Constituição Federal. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, no entanto, apareceu ao lado do presidente Jair Bolsonaro falando de "Brilhante Ustra".

"Há exatos 52 anos, era editado o AI-5, instituindo-se inequívoca ditadura no país. Neste dia 13/12, devemos reverenciar a importância da democracia e do Estado de direito consagrados na Constituição de 1988", escreveu Gilmar Mendes no Twitter. Presidente do Cidadania, Roberto Freire também repudiou o AI-5 e disse que é "para nunca mais se repetir". "Ignóbeis de ontem e de hoje, sonham com o fim da liberdade pra festejar, em paz ,sua sordidez", disse na mesma rede social.

No mesmo dia, no entanto, Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo ao lado do pai dizendo que os dois gravaram uma conversa em que falaram "sem nada de censura" de diversos assuntos, inclusive do "livro do Brilhante Ustra". Isto é, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenadado por tortura porque, na ditadura, comandou o Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) em um período em que foram contabilizadas 434 mortes e desaparecimentos no país.