Título: Chuva derruba ponte no Paraná
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/01/2005, País, p. A5

Trecho da Rodovia Régis Bittencourt desaba e mata motorista de caminhão. Temporais causam estragos na região Sudeste

CAMPINA GRANDE DO SUL, PR - A queda de parte de uma ponte na Rodovia Régis Bittencourt, entre São Paulo e Curitiba, ilustrou ontem os estragos que as chuvas vêm causando no país nos últimos dias. Na BR-116, um deslizamento de terra fez a cabeceira da ponte ceder, matando uma pessoa e ferindo três. Em outros estados, as tragédias se repetem. Minas Gerais já soma 7 mortos, 47 feridos e 20 municípios em estado de emergência. O interior paulista e o Espírito Santo também sofrem com o efeito das águas.

O acidente na Régis Bittencourt interrompeu o tráfego durante 14 horas entre o Paraná e São Paulo. O desabamento aconteceu por volta das 22h30 de terça-feira no sentido de Curitiba para a capital paulista. Os pilares da estrutura, localizada sobre o lago da represa do Capivari, em Campina Grande do Sul (55km de Curitiba), foram atingidos pelo deslizamento na cabeceira da ponte.

Segundo o Departamento Nacional de Infra-estrutura em Transporte (DNIT), a forte chuva que atingiu a região nos últimos dias provocou erosão e acúmulo de água no solo, o que teria empurrado a terra contra os pilares.

O motorista de um caminhão carregado de pneus não conseguiu passar a tempo e caiu com o veículo de uma altura de 25 metros, o equivalente a um prédio de 10 andares. O corpo de Zonardi José do Nascimento, 63 anos, só foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros às 16h15 de ontem, cerca de 18 horas após o acidente. Três ocupantes de outro caminhão, que transportava alimentos, se salvaram. O cavalo que puxava a carreta tombou e ficou preso na borda do asfalto, junto ao precipício que se formou.

O caseiro Marcos Ronqui, 25 anos, que mora a 150 metros do local do acidente, acordou com um tremor de terra e um barulho semelhante a uma explosão. Ele foi o primeiro a ajudar no resgate dos três sobreviventes, que não correm risco de morte e estão internados.

O trânsito na outra pista só foi liberado às 13h50, após a chegada de um comboio do DNIT para reforçar a cabeceira da ponte São Paulo-Curitiba. A ponte absorverá o tráfego por seis meses, tempo estimado para a reconstrução, orçada em R$ 2 milhões, segundo Ronaldo de Almeida Jares, engenheiro supervisor da unidade do DNIT responsável pela conservação do trecho do acidente. Ele disse que a ponte que desabou foi vistoriada na semana passada e não tinha nenhum problema:

- A ponte não caiu por problemas estruturais. Foi por causa da chuva dos últimos dias que encharcou a terra e a deixou muito pesada e desabou sobre os pilares.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a precipitação na região foi de cerca de 30 milímetros, de terça para ontem. Este mês, choveu 250mm na área, bem acima da média de 170mm registrada pelo Inmet. No ano passado, o acúmulo de chuva em janeiro na área da ponte não passou de 200mm.

Os temporais de ontem causaram outros estragos nas regiões Sul e Sudeste. Em Minas Gerais, que tem 7 mortos e 47 feridos, três municípios decretaram estado de calamidade e 20 cidades estão em estado de emergência. Segundo a Defesa Civil do estado, mais de 25 mil pessoas ficaram desalojadas e cerca de 1.300 desabrigadas.

Em Campinas, no interior paulista, chuvas na noite de terça-feira e na madrugada de ontem provocaram a interdição de três pontes, alagaram casas e desabrigaram 73 pessoas nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio. A prefeitura teve de resgatar os moradores de suas casas. A Câmara Municipal aprovou um projeto que autoriza a contratação de 700 trabalhadores temporários para ajudar na limpeza da cidade. Na semana passada, cerca de 1.200 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas por causa das chuvas.

Pela manhã, os temporais causaram engarrafamentos nas principais estradas de São Paulo. O tráfego ficou lento nas rodovias Raposo Tavares e Castello Branco. A rodovia Presidente Dutra ficou congestionada próximo à capital paulista.

A rodovia presidente Dutra apresentou lentidão na chegada a São Paulo, altura do km 231. Segundo a Nova Dutra, havia 600 metros de lentidão na pista expressa e 800 metros na pista lateral, reflexo do congestionamento na marginal Tietê.

No Espírito Santo, as chuvas causaram quedas de energia em algumas regiões da Grande Vitória durante a tarde de ontem.