Título: Cresce 4% desmatamento na Amazônia em um ano
Autor: Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 29/11/2008, País, p. A7

Ministério do Meio Ambiente esperava aumento superior a 40%

Luciana Abade

BRASÍLIA

O desmatamento anual da Amazônia, medido entre agosto de 2007 e julho de 2008, foi de 11.968 km², área correspondente a 1,2 milhão de campos de futebol. A taxa é 3,8% maior que a devastação registrada no mesmo período entre 2006-2007. Os números foram divulgados, ontem, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mesmo com o aumento, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, comemorou o resultado, uma vez que as estimativas apontavam aumento do desmate em 40%.

Segundo o ministro, a resolução Bacen n° 3545/08, do Banco Central, que cortou o crédito para os produtores que estavam ilegais do ponto de vista fundiário e ambiental, foi uma das principais medidas que impediu que as estimativas piores se confirmassem.

¿ O número de agricultores que pediram empréstimo para investimento voltou a normalizar nos últimos meses ¿ disse o ministro. ¿ Eles entraram nos órgãos ambientais para se regularizarem. A resolução não tem a intenção de cortar créditos, mas trazer os agricultores para a legalidade.

Minc mostrou-se otimista com o futuro porque o Inpe registrou, também, uma redução de 23% na área devastada de maio a outubro de 2008 na comparação com o ano passado. E afirmou que o número de outubro, ainda não divulgado pelo Inpe, mostrará uma redução de 10% no desmatamento em relação a setembro passado. O ministro acredita que o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes) mostrará números abaixo de 10 mil km² de desmatamento no próximo ano.

O Pará foi o Estado que mais desmatou esse ano. Foram 5.180 km² de área devastada. Em seguida o Mato Grosso com 3.259 km² e em terceiro o Maranhão, 1.085 km². Para o ministro, a situação do Marnhão é preocupante porque o Estado dobrou em um ano a área desmatada. O avanço da soja e a produção de carvão ilegal para as siderúrgicas são os principais motivos do crescimento do desflorestamento no Estado.

Apesar de ter tido um pequeno aumento em relação ao ano passado, o ministro acredita que os números de Mato Grosso são positivos quando comparado a registro de até 10 mil km² em anos anteriores. Ao contrário do Pará, que permanece, há quatro anos, líder de desmatamento.

A regulamentação do Decreto n° 6.114, que pune com mais rigor os crimes ambientais, as operaçõesconjuntas do Instituto Brasileiro de Recursos Renováveis (Ibama) com a Polícia Federal e os portais de fiscalização instalados nas BRs 364 e 163 também foram apontados pelo ministro como fundamentais para a queda do desmatamento nos últimos meses, considerados os mais críticos do ano.

No final de fevereiro, o presidente Luis Inácio Lula da Silva se reunirá com os 36 prefeitos dos municípios que mais desmatam. Lula vai oferecer apoio para a regularização fundiária nas áreas e incentivo para o manejo florestal. Em troca, espera que os prefeitos desenvolvam ações de controle ambiental.