Título: Reunião gera expectativa
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/02/2005, Internacional, p. A10

JERUSALÉM - O presidente da Autoridade Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, se reunirão amanhã, no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, como protagonistas do primeiro encontro de cúpula desse nível em quatro anos, com a ambição de relançar um processo de paz que se encontra em ponto morto.

Muitos temas estarão na mesa de negociação: o fim da violência, a retomada do diálogo com uma saída israelense da Faixa de Gaza e a criação de um Estado palestino.

Os dirigentes já se encontraram em outras ocasiões, como em Aqba (Jordânia), em junho de 2003, e pouco depois em Jerusalém, quando Abbas era primeiro-ministro da ANP.

A relação ao menos parece ser mais amigável do que a de Sharon com o antecessor de Abbas, Yasser Arafat, falecido em 11 de novembro passado.

Segundo um porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Ygal Palmor, ''sopram novos ventos na Autoridade Palestina e há uma vontade de cessar a violência e retomar o diálogo''.

A cúpula de amanhã é patrocinada pelo presidente egípcio Hosni Mubarak, e terá a presença também do rei da Jordânia, Abdullah II.

Do lado palestino, Abbas admite que observa ''sinais positivos por parte dos israelenses''.

- Esperamos conseguir o relançamento do processo de paz e aplicação do Mapa do Caminho - afirmou.

Como exemplo do bom momento, o gabinete israelense deu na quinta-feira o consentimento para a saída do Exército de cinco cidades da Cisjordânia e a transferência da segurança nos locais para a ANP. Também aceitou a libertação de 900 prisioneiros palestinos, num total de mais de 8 mil.

Mas cientes do fracasso dos acordos de Oslo, em 1993, da reunião de Camp David, em junho de 2000, os dois lados estão longe de ceder à euforia.

- Haverá declarações de intenções, mas não negociaremos o Mapa do Caminho. Os palestinos não completaram os compromissos previstos durante a primeira etapa do plano de paz - advertiu uma autoridade do governo israelense.

O negociador palestino, o ministro Saeb Erakat, não oculta também que espera mais dos israelenses, em especial com relação aos prisioneiros.

Erekat afirma que todos os palestinos presos antes dos acordos de Oslo devem ser libertados.