Correio Braziliense, n. 21430, 18/11/2021. Política, p. 5

Brasília DF: A hora da verdade das emendas

Denise Rothenburg


A proposta de senadores para acabar com as emendas de relator, as RP9, e as de comissão, foram recebidas pelo relator da PEC dos Precatórios. Mas, na realidade, os aliados do governo não querem terminar com essa possibilidade de indicar para onde vão os recursos orçamentários.

O toma lá dá cá dessas emendas amplia o poder tanto do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quanto dos líderes partidários, que recebem dele uma parte desses recursos para atender aqueles deputados mais fiéis aos anseios da cúpula da Casa. Nesse sentido, líderes quebram a cabeça para tornar o processo mais transparente, mas exterminar essas emendas não está nos planos.

Por falar em PEC dos Precatórios, a avaliação no Planalto é a de que vai dar algum trabalho, mas a proposta será aprovada pelos senadores — assim como a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos, aprovada na Câmara.

Valdemar tem a força

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já sabia que a reunião dos dirigentes partidários lhe daria carta branca para negociar o ingresso de Jair Bolsonaro na legenda. Só tem o probleminha: os estados-problema, como Pernambuco, não foram resolvidos — serão tratados caso a caso e olho no olho. Nada de conversas por WhatsApp, com descompasso de fuso horário no meio.

A matemática da política

Valdemar passou os últimos dias avisando aos seus que o ingresso de Bolsonaro no partido é vantajoso, porque leva um time de, pelo menos, 15 deputados federais, muitos com capacidade de ajudar a ampliar a bancada do PL no Parlamento. E, assim, aumentar a quantidade de dinheiro para o fundo partidário.

 Doria tem a vantagem Aliados de Eduardo Leite se mostraram menos otimistas com a disputa pela prévia depois que o pré-candidato admitiu que, a pedido do então ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, telefonou para o governador de São Paulo, João Doria, para pedir que ele adiasse o início da vacinação contra covid por 24 horas.

Divididos

O pedido pode até ser um detalhe, mas um governador do PSDB não teria o direito de fazer esse apelo a um colega de partido para atender a um capricho do governo. Afinal, no início deste ano, quando a vacinação começou, os tucanos já haviam se colocado na linha de oposição a Bolsonaro. Mas tem uma questão: muitos continuaram votando com o governo.

Curtidas

 Um problema para ACM Neto/ Se Jair Bolsonaro confirmar seu ingresso no PL, o ex-prefeito ACM Neto verá reduzido o leque de partidos que apoiará sua candidatura ao governo da Bahia. Afinal, se tem algo que Bolsonaro cobrará dos aliados é um time engajado nos candidatos que indicar.

Bolsonaro com Roma/ A tendência lá é o Republicanos lançar o nome do ministro da Cidadania, João Roma, que deixou o cargo por 10 dias para cuidar das emendas ao Orçamento de 2022 e voltará ao governo para ficar até abril, data-limite para que os candidatos deixem os cargos no Poder Executivo.

E o Lula, hein?/ Em viagem à Europa, o ex-presidente trata de se vacinar contra o discurso de seus adversários de que foi para lá falar mal do Brasil. “A razão da minha viagem é recuperar a confiança no Brasil”.

 E o governo, ó.../ A recepção a Lula pelo presidente francês, Emmanuel Macron, foi vista como uma provocação a Jair Bolsonaro. (...)

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