Correio Braziliense, n. 21433, 21/11/2021. Política, p. 4

Brasília DF: onde mora o “problema” dos Precatórios

Denise Rothenburg


Procurado por muitos políticos, juristas e até economistas em busca de soluções para a grande dívida dos precatórios que atormenta o governo, o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel estará com a bancada do PSD, na terça-feira, e dirá que o problema não está na dívida, inscrita no Orçamento e que precisa ser paga. O nó é a falta de clareza do que o governo deseja fazer com recursos e nas formas desse pagamento. 

Ele vai lembrar aos senadores que há várias propostas de soluções, por exemplo, postas no Projeto de Lei Complementar 406/2016, sobre o Código Tributário Nacional, que hiberna nos escaninhos do Senado desde 2015 — resultado de uma comissão de juristas e especialistas em tributação, presidida pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça, com relatoria do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.  

Uma das propostas é, por exemplo, o “encontro de contas”. Em 2018, de litígios administrativos e judiciais, o governo tinha a receber R$ 3 trilhões.  “Se fizer uma limpeza no litígio, já abre espaço para muita coisa. Mas, para resolver problemas, é preciso pensar. E muitos consideram mais fácil reclamar”, diz ele.   

Nova economia 

Se na campanha de 2018 o que calou fundo no coração do eleitor foram as promessas de “nova política” com um viés mais liberal, agora o que fará o brasileiro sair de casa para votar é o bolso. As qualitativas espalhadas por diversos partidos têm mostrado que o contribuinte cansou de “comprar esperança” e, agora, quer alguém que possa “entregar” emprego e renda.  

Mistura explosiva 

Quem conhece os meandros das emendas de relator acredita que a investigação da Polícia Federal tem tudo para desvendar uma mistura de mensalão com o velho escândalo dos anões do Orçamento. Obviamente que não são todas, mas desde os anos 1990 uma parte das emendas parlamentares ao Orçamento flerta com a corrupção.  

O outro vencedor 

As prévias do PSDB, hoje, representam o maior teste do presidente do partido, Bruno Araújo. Se der tudo certo, e a votação ocorrer sem problemas, ele se consagra e tem tudo para uma longeva permanência à frente da legenda. 

 Frase

“Achei estranho quando o ministro Paulo Guedes disse que os precatórios caíram como um meteoro. Pagamento de precatórios tem todo ano. Não estava olhando? Estava dormindo? Tem que criar um sistema mais eficaz para acompanhamento disso”

 Ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel  

Curtidas 

“Vamos conversar?”/ A máxima que o então senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou em sua campanha presidencial, em 2014, vem sendo usada nos bastidores como uma premissa para evitar gestos bruscos de saída da sigla, caso o governador de São Paulo, João Doria, vença a prévia de hoje. Mesmo em Minas Gerais, há uma maioria que não deseja sair.

 Por falar em Minas.../ Estado decisivo para a vitória de Dilma Rousseff, em 2014, e para a de Jair Bolsonaro quatro anos depois, Minas Gerais novamente está no centro nervoso da política por causa da candidatura de Rodrigo Pacheco à Presidência da República. Aliás, o PSD vem sendo citado como possível porto daqueles que estão insatisfeitos com seus partidos. Isso porque o União Brasil, até aqui, ainda não mostrou a força da bancada.

 Fé no Brasil/ Na cerimônia de inauguração do 20º shopping da Multiplan, a maior rede de shopping centers do Brasil, o empresário José Isaac Peres se disse um otimista, que enfrentou muitas dificuldades, mas mantém a fé no país. O empreendimento, construído durante a pandemia, recebeu mais de R$ 1 bilhão de investimento, vai abrigar 230 lojas e gerar 8 mil empregos no Rio de Janeiro.

Tem que enfrentar/ Em discurso emocionante na presença de políticos e empresários, Peres foi incisivo: “No Brasil, quem se preocupar com crise não vai fazer nada. Eu sou empresário há 50 anos e a cada cinco sempre tem uma crise. Se você parar, você não faz nada. (...)

 Leia mais: https://flip.correiobraziliense.com.br/edicao/impressa/2701/21-11-2021.html?all=1