Título: ONU define cidade 'verde'
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/06/2005, Internacional, p. A8

Metrópoles recebem metas e serão classificadas

OSLO - Do Japão à Jamaica, milhões celebraram ontem o Dia do Meio Ambiente, plantando árvores, coletando lixo ou se manifestando nas grandes capitais do mundo. As Nações Unidas aproveitaram a data para pedir melhor planejamento ''verde'' das cidades, como acompanhamento ao crescimento urbano.

Em 2030, mais de 60% da população do mundo viverá em cidades, mais do que os 50% atuais e dos 33% registrados em 1950.

- Hoje, um em cada três habitantes urbanos moram em favelas. Temos que criar cidades verdes - afirmou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Ele declarou também que a meta de reduzir pela metade a pobreza até 2015 não será alcançada a não ser que o planejamento seja feito a sério.

Os ativistas marcam o dia 5 de junho, data do primeiro encontro ambiental em Estocolmo, em 1972, como o Dia Mundial do Meio Ambiente. O tema deste ano é o planejamento verde das cidades, que na sua maioria tem poluição aérea, rios sujos e saneamento parcial.

São Francisco, nos Estados Unidos, foi o principal centro do evento de 2005. Mais de 50 prefeitos de cidades como Xangai, Cabul, Buenos Aires, Sydney, Phnom Penh, Jacarta, Roma e Istambul, planejaram a assinatura de um programa para a definição de novos padrões de verde no ambiente urbano. Nele, as cidades seriam classificadas de zero a quatro estrelas, de acordo com 21 objetivos.

Ao redor do mundo, da Austrália ao Zimbábue, os ativistas organizaram manifestações, mutirões de limpeza, competições de poesia e plantação de árvores.

Pan Yue, vice-ministro da Administração Estatal de Proteção Ambiental da China, disse que a meta do país, com 20% da população mundial, é diminuir o ruído e limpar água, ar e detritos nas cidades.

Cerca de 1 milhão de chineses participaram ontem da cerimônia ''Restaurando a rede da vida ao longo do rio Yangtze''. A festa foi organizada de forma simultânea nas 12 províncias por onde o mais longo rio do país passa.

Na Austrália, grupos locais organizaram festivais para promover a conscientização dos cidadãos na defesa do meio ambiente.

A ilha grega de Zakynthos baniu os carros por um dia e liberou o uso gratuito do transporte público. No Quênia, Jamaica e na a costa do Sri Lanka, devastada pelo tsunami do final do ano passado, cidadãos plantaram árvores.

Entre os eventos preparados pelo Japão, um desfile de moda encorajou a adoção de roupas mais leves pelos trabalhadores para cortar os gastos com ar-condicionado. O evento faz parte da iniciativa governamental Cool Biz (Trabalho Fresco).

- Experimentar uma dessas roupas ajuda a aumentar a preocupação com o meio ambiente e mostra como devemos revolucionar nossos padrões - comentou o presidente da Sanyo, Satoshi Iue, depois de desfilar num paletó escuro, mas sem gravata.

Na Noruega, um grupo de jovens protestou contra a criação de novas usinas termoelétricas, declarando que elas trarão mais poluição e contribuirão para o efeito estufa.

Entre as metas determinadas pelo encontro de São Francisco está o corte de 25% nas emissões de gás carbônico emitido por carros, fábricas e geradoras de energia até 2030.

O objetivo é ainda mais ambicioso que o firmado no Protocolo de Kyoto da ONU, que busca cortar as emissões de países desenvolvidos em 5,2% - níveis abaixo dos encontrados nos anos 90 - no final de 2008.

- As cidades são grandes usuárias de recursos naturais e geradoras de dejetos. Elas produzem grande parte dos gases que estão causando a mudança climática global - afirmou Annan.

Outro alvo para as cidades determina que, em 2015, os moradores não podem andar mais que 500 metros para encontrar o transporte público ou um espaço aberto.