Título: Jovens cobram emprego
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/06/2005, Brasília, p. D8

A falta de oportunidade no mercado de trabalho constituiu a principal reclamação dos jovens de Taguatinga que participaram, ontem, de audiência pública promovida pela Comissão Especial de Juventude da Câmara Legislativa. Eles cobram propostas para o trabalho, emprego e empreendedorismo. Aos 19 anos e cursando o 3º grau, Alfriana do Nascimento está em busca de emprego. Mas sempre esbarra no mesmo obstáculo: a falta de experiência.

- Fico chateada porque se alguém não der oportunidade, a gente nunca vai ter experiência. É preciso que o governo crie mais postos de trabalho voltados para o jovem, pois muitos de nós só podem continuar os estudos, sem trabalhar - reivindica.

Propostas - - Depois de quase duas horas de debate, os jovens apresentaram cinco sugestões que podem amenizar o problema: a) convênio entre GDF e União para ingressar no projeto dos Consórcios da Juventude (Programa Primeiro Emprego); b) valorização dos cursos profissionalizantes por parte do GDF e o retorno das escolas do magistério (escolas normais); c) utilização de estudantes do ensino médio do GDF na alfabetização de quem não sabe ler e escrever; d) transformar o 4º ano do ensino médio em qualificação profissional de acordo com a vocação do estudante; e) criar programas de incentivo fiscais a empresas da iniciativa privada para que contratem jovens.

Algumas das propostas coincidem com as reivindicações já formuladas pela Comissão de Juventude da Câmara, presidida pelo deputado Chico Leite (PT), entre elas, a contratação por parte do GDF de jovens alfabetizadores. Chico Leite propõe ainda que o Estado pague uma bolsa aos recém-formados, pra que percorram o interior do País, trabalhando em prol da comunidade de acordo com sua área de formação. Médicos cuidariam da saúde, advogados prestariam serviços jurídicos e assim, por diante.

Representantes do Ministério do Trabalho expuseram projetos desenvolvidos pelo governo federal, como o Consórcio da Juventude, implantado em 15 estados. Basicamente o projeto consiste em promover a qualificação profissional. Só em Brasília 2 mil jovens no DF e Entorno participam. Desse total, a meta é colocar 30% deles no mercado formal.

- Vamos superar essa meta. Hoje, faltando um mês para encerrar as oficinas, conseguimos captar 800 vagas - , explica Sidiclei Patrício, secretário Executivo do Consórcio no DF e Entorno.

Nesse projeto o Governo Federal aplicou R$ 4,1 milhão. Desse total, R$ 1,2 milhão destinam-se a bolsas pagas aos jovens para que frequente as oficinas. Cerca de R$ 2 milhões são destinados a qualificação e R$ 1 milhão a custeio e potencialização das oficinas. Essa é a segunda turma. A primeira atendeu a 2,5 mil jovens no DF e entorno.

Fulvio Stéfano conseguiu o primeiro emprego em fevereiro deste ano. É estagiário no Fundo Nacional para o Desenvolvimento para a Educação. Para ele, mais que uma oportunidade de entrar no mercado de trabalho, a experiência está servindo para que ele aprenda o valor do dinheiro e a ter mais responsabilidade.

- Acho que as escolas podiam participar esclarecendo os jovens sobre os programas desenvolvidos pelo governo. Às vezes a gente fica perdido. não sabe nem por começar a procurar emprego ou programas que promovam a qualificação - sugere.

Ao todo serão realizadas 14 audiências como a de ontem. Na última, deve ser elaborado um documento com as principais sugestões dos jovens. A comissão analisará se há descumprimento de leis ou se será necessário aprovar novas.