Título: Efeito estufa alimenta furacões
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/08/2005, Internacional, p. A12

Seria o aquecimento global o responsável pelo surgimento de furacões mais intensos? Uma novas pesquisa sugere que a respostas para a questão é sim. Cientistas classificam as recentes descobertas como ''surpreendentes e alarmantes'' devido às fortes indicações de que as mudanças climáticas vividas pelo planeta já estão influenciando a intensidade das grandes tormentas.

De acordo com o climatologistas Kerry Emanuel, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, a pesquisa mostra que pela primeira vez desde a década de 1970 foi registrado um aumento de 50% na duração e na intensidade das principais tempestades ocorridas nos oceanos Atlântico e Pacífico. Apesar disso, não houve registro de aumento no número de furacões e tufões.

Essa tendência estaria diretamente ligada ao aumento das médias de temperatura registradas na superfície do oceano e correspondem às médias de crescimento da temperatura atmosférica aferidas no mesmo período.

- A análise desses resultados é realmente alarmante, percebemos que há mudanças grandes em curso - disse o meteorologista e pesquisador Tom Knutson do Laboratório Nacional de Pesquisa Atmosférica e Geofísica de Princeton.

Antes do estudo, a maior parte do pesquisadores acreditava que a contribuição do aquecimento global para o fortalecimento dos furacões ainda era muito pequena para ser medida. Muitos apostavam que essas mudanças só seriam notadas a partir de 2050.

Alguns cientistas, no entanto, questionam os métodos utilizados por Emanuel em sua pesquisa, cujos detalhes foram revelados na edição de sábado da revista Nature. Uma das críticas se deve ao fato de o pesquisador do MIT não ter considerado a velocidade dos ventos de algumas tempestades registradas nas décadas de 50 e 60, por exemplo, por considerar os dados inconsistentes demais.

Em um ponto os pesquisadores concordam: desde a década passada os Estados Unidos e o Caribe vêm sendo atingidos pela mais ativa seqüência de furacões já registrada na história e a tendência é de que este ciclo perdure por pelo menos 20 anos, certamente agravado pelo aquecimento global.