Título: Trajetória da queda
Autor: Daniel Pereira e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 02/08/2005, País, p. A3

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é um nome de primeira hora da crise do mensalão, graças ao deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), mas sua posição ficou realmente comprometida no fim do mês passado, com a consolidação das primeiras levas de documentos examinadas pela CPI dos Correios.

Através da quebra de sigilo das contas bancárias de Marcos Valério, os integrantes da Comissão chegaram a uma lista de sacadores que seria um possível prova do pagamento de mensalão.

O nome do ex-tesoureiro do PL consta na lista de saques, R$ 1,35 milhões, atingiu diretamente o presidente do partido.

Lamas era homem de confiança de Costa Neto, até ser afastado do cargo, em fevereiro deste ano.

O quadro se tornou ainda pior no final da semana passada, quando novos documentos em poder da CPI indicaram que Antônio de Pádua de Souza Lamas, irmão do ex-tesoureiro do PL, retirou R$ 350 mil no dia 7 de janeiro de 2004, quando era assessor da liderança do partido na Câmara.

Logo no início da crise, Costa Neto e os deputados José Janene (PP-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE), foram apontados por Roberto Jefferson como os distribuidores do mensalão.

Costa Neto entrou com uma representação no Conselho de Ética contra Jefferson por quebra de decoro, já que o deputado nunca apresentou provas de suas denúncias. A progressão das investigações, no entanto, logo trouxe o nome do próprio deputado do PL para a lista dos possíveis cassados.

As acusações receberam um reforço no último dia 20, quando a ex-mulher do presidente do PL, Maria Christina Caldeira, afirmou que seu ex-marido recebeu recursos de Delúbio Soares. Maria Christina, que depôs no Conselho de Ética, trava uma briga na justiça com seu ex-marido desde o ano passado.

O presidente do PL ainda teria manobrado para evitar uma possível cassação no horizonte. Na semana passada, cogitou-se a possibilidade de Costa Neto retirar a representação contra Jefferson. Em troca, o deputado fluminense não entraria com representações no mesmo conselho contra Costa Neto e os deputados José Dirceu (PT-SP) e Sandro Mabel (PL-GO). A operação, no entanto, não vingou. (F.P.)