Título: Oposição comemora
Autor: Daniel Pereira e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 02/08/2005, País, p. A3

Líderes dos principais partidos de oposição festejaram ontem a renúncia do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ao mandato de deputado federal. Disseram que a decisão é uma confissão de culpa, além de prova contundente da existência do esquema de pagamento de mesada pelo PT a parlamentares de outras legendas em troca de apoio ao governo no Congresso. Também afirmaram que a renúncia é a primeira de uma série destinada a livrar deputados e senadores envolvidos em denúncias de corrupção de eventuais processos de cassação e, em consequência, da perda de direitos políticos por oito anos. A tese do ''efeito dominó'' conta com a simpatia até de integrantes das hostes governistas.

- Hoje, tivemos a renúncia de um presidente partidário, que pode ser a primeira de uma longa lista - declarou o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB).

Para o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, as renúncias em série são o resultado do acordo que vinha sendo costurado entre os partidos da base de apoio ao Planalto, desde a semana passada, como desfecho para as CPIs em curso.

- A confissão de culpa do deputado puxará uma série de renúncias. É uma tentativa dos denunciados de se anistiarem uns aos outros.

Líder do PFL, o senador José Agripino Maia (RN) engrossou o coro. E ressaltou que o mesmo delito que levou à renúncia de Costa Neto foi praticado por outros líderes.

- É uma estratégia para evitar a cassação e uma imputação clara de crime pelo PT - disse.

Ex-líder do PT, a senadora Ideli Salvatti (SC) considerou uma ''declaração de peso'' a decisão de Costa Neto. Mas não entoou a cantilena oposicionista segundo a qual haverá renúncias em série.

- Só espero que não haja acordão para paralisar as investigações.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), é mais cauteloso.

- Cada situação tem que ser individualizada, mas não trabalho com a hipótese de uma renúncia coletiva.

No PP, não existem indícios de renúncias dos deputados envolvidos no escândalo - José Janene (PP-PR), Pedro Henry (PP-MT) e Pedro Corrêa (PP-PE).

Para o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), uma renúncia coletiva, ao invés de aliviar a pressão, poderia desviar o foco das investigações para o Executivo.