Título: A mala da mulher de Valdemar
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 25/08/2005, País, p. A3

Depois de depor contra o ex-deputado Valdemar Costa Neto no Conselho de Ética da Câmara, a publicitária Maria Christina Mendes Caldeira, ex-mulher do presidente do PL, voltou a causar frisson ontem ao percorrer os corredores do Congresso carregando uma mala.

- Minha mala não tem mensalão, só camisetas - dizia ela, enquanto sacava da mala camisetas da campanha Bem Querer Mulher, contra a violência à mulher. A campanha é de uma ONG que conta com o apoio da ONU.

Uma das camisetas acabou nas mãos do líder do PL, Sandro Mabel, acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, que passava pelo local.

- Se precisar, deponho a favor dele - disse a publicitária.

Maria Christina, que passa por um ruidoso processo de separação com Valdemar, afirmou que fora à Câmara para entregar as camisetas, mas ''aproveitou para dar uma passada'' no Conselho. Afirmou que a intenção da visita inesperada era entregar ''provas'' contra o ex-marido ao presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP).

A chegada dela à sala do Conselho, puxando a mala de rodinhas, ocorreu minutos antes do início do depoimento do presidente do PL. Quando Valdemar iniciou sua fala, ela ainda dava entrevistas, do lado de fora.

- Ela veio de maneira desnecessária, trouxe um convite de Taiwan. Talvez quisesse promover o programa dela na TV - disse Izar, que recebeu das mãos de Maria Christina um convite do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan endereçado a Valdemar para um almoço no país asiático. Ela acusa Valdemar de ter negociado doação do governo de Taiwan à campanha de Lula.

Valdemar nega o repasse de recursos, mas confirma a visita a Taiwan para tratar dos interesses de produtores de cogumelos de Mogi das Cruzes (SP). Ele também processa a ex-mulher por tentativa de extorsão.

O depoimento de Valdemar ao Conselho, ontem, durou cerca de 30 minutos. A previsão era que o presidente do PL seria dispensado pelo Conselho por ter sido ouvido no dia anterior pela CPI do Mensalão. Valdemar, entretanto, foi alertado que se não comparecesse poderia abrir brecha jurídica para a anulação do processo de cassação de Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Em sua fala, o presidente do PL reproduziu o que dissera à CPI, mas fez uma retificação. Ele havia dito que 80% dos R$ 6,5 milhões que recebeu vieram da SMPB. Ontem, disse que todo o dinheiro saiu da SMPB.