Título: Vinícius repete o sogro
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 25/08/2005, País, p. A3

Em depoimento à CPI dos Correios, o genro do deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), Marcos Vinícius Vasconcelos, disse que ouviu falar ''várias vezes'' da existência do ''mensalão'' nos ambientes do PTB. Ele também confirmou que seu sogro pegou R$ 4 milhões de Delúbio Soares para pagar despesas de campanha, mas não soube dizer para quem a verba foi distribuída.

- Na minha opinião, ele não distribuiu esse dinheiro - disse Vasconcelos.

O genro de Jefferson acredita que os R$ 4 milhões não foram repassados porque presenciou candidatos a prefeito pressionando o petebista.

As explicações de Vasconcelos coincidem com a versão apresentada por Jefferson à CPI. O genro do deputado afirmou que esteve com o sogro um pouco antes do depoimento ''para lhe dar um abraço''.

Vasconcelos repetiu a versão apresentada pelo deputado e elogiou o sogro:

- Tenho orgulho de Roberto Jefferson porque ele deu uma contribuição ao Brasil ao desvendar a corrupção no país.

Questionado sobre o pedido, de R$ 400 mil para campanhas, que Jefferson teria feito para ao ex-presidente do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), Lídio Duarte, Vasconcelos fez uma revelação ao negar:

- Não é verdade que ele foi forçado a dar R$ 400 mil para o partido.

Em depoimento à CPI dos Correios, Jefferson confirmou que pedira ajuda a Lídio, mas não tinha confirmado o valor.

Marcos Vinícios Vasconcelos é membro da executiva do PTB e foi assessor da diretoria da Eletronuclear por indicação do sogro. Ele é investigado pelo Ministério Público no processo que apura supostas irregularidades no IRB. O genro do petebista também é amigo de Henrique Brandão, dono da Assurê, onde trabalhou. Uma sindicância interna do IRB concluiu que três corretoras de resseguros -Acordia/Assurê, Cooper Gay e Alexander Forbes- foram favorecidas pela estatal ao indicá-las, sem critério técnico, para intermediar parte dos contratos de resseguros no exterior.

Vasconcelos afirmou que esteve nos Correios oito vezes, em dois anos, para encontrar com o ex-diretor de administração dos Correios, Antonio Osório. Os encontros, segundo ele, seriam para ''tratar de política'', uma vez que Osório também integra a executiva do partido. Vasconcelos negou que atuasse como uma espécie de fiscal de Roberto Jefferson nas estatais sob influência do partido.