Título: Procurador pede mais diligências
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 25/08/2005, País, p. A3

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, admitiu ontem que pode chegar a uma ''posição conclusiva'' sobre a prática de corrupção, formação de quadrilha e outros crimes por parlamentares, dirigentes partidários, empresários e demais pessoas indiciadas no inquérito que apura o esquema do ''mensalão'' antes que as CPIs dos Correios e da Compra de Votos encerrem seus trabalhos. O inquérito corre em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal. Os autos estão no momento com o chefe do MPF, que deve devolvê-los ao STF, até o fim de semana, com pedidos de novas diligências. - Não há nenhuma relação direta entre a conclusão dos trabalhos das CPIs e a do inquérito. Estamos fazendo um trabalho conjunto, no qual a Procuradoria atua em colaboração com os parlamentares, obtendo e transmitindo informações, e vice-versa. Mas o momento de o MPF afirmar se há ou não realmente ilícitos penais é aquele em que as provas nos autos sejam consideradas suficientes pelo seu titular. Não posso avaliar quando será esse momento, porque há necessidade de novas diligências que vão demandar um certo tempo - explicou Antonio Fernando.

O procurador-geral da República disse que não fica ''irritado'' com o vazamento de informações por integrantes das CPIs e até do MP - como ocorreu no depoimento de Rogério Buratti, ex-assessor do ministro Antonio Palocci e da Casa Civil. - O que eu disse no domingo (críticas que fez às informações dadas pelo promotor de Ribeirão Preto quando do depoimento de Buratti) foi o que disse no dia da minha posse. O meu tipo de conduta como procurador-geral é o que acho adequado a qualquer membro do MP. Não fiz nenhum juízo sobre a conduta de ninguém, até porque sou presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM), e se essa questão for submetida ao Conselho vou ter de me pronunciar sobre ela no momento oportuno. Estou plenamente convencido de que investigação se faz com discrição.

Quando alguém quis saber sobre o rastreamento de contas no exterior do publicitário Duda Mendonça, o procurador manteve o estrito sigilo que cerca o inquérito:

- Eu não vou dizer nada sobre o que vou pedir. Nesse inquérito, há uma decisão do ministro-relator de que tudo é sigiloso, e não apenas os documentos que fazem parte dos autos.