O Globo, n. 32775, 02/05/2023. Política, p. 8

Articulação política vira alvo de líderes na Câmara

Eduardo Gonçalves
Jeniffer Gularte


Às vésperas da instalação da CPI dos Ataques Golpistas, que servirá como teste da base aliada no Congresso, líderes partidários aumentaram as críticas à articulação política do Palácio do Planalto, em especial ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Na esteira das declarações do presidente da Câmara, Arhur Lira (PP-AL), que em entrevista ao GLOBO apontou “dificuldades” do ministro no cargo, a avaliação entre deputados é que Padilha mantém bom diálogo com parlamentares, mas entrega pouco do que promete.

A insatisfação se refere à morosidade do governo em liberar emendas e nomear indicados políticos dos parlamentares no segundo e terceiro escalões. Líder do superbloco formado por 173 deputados de PP, União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e da federação Cidadania-PSDB, o deputado Felipe Carreras (PSBPE) afirma haver um ambiente de “inquietação” na base.

— Apesar de o ministro (Padilha) ser superatencioso com todos os colegas, na base há uma reclamação por não resolver, sobretudo, a questão dos espaços regionais. O governo está tendo dificuldades com isso e está gerando uma inquietação em todos os partidos que compõem a base — disse o deputado ao GLOBO.

Carreras sugere que o governo faça uma “força-tarefa” para resolver as demandas do Legislativo. Entre as propostas discutidas na Câmara, mas descartadas por ora no Planalto, é que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, assuma parte da articulação política.

— O ministro (Padilha) não está atendendo à velocidade que o Parlamento precisa. Ele, na realidade, tem se portado como ministro do PT, e não da base aliada —disse o deputado Áureo Ribeiro (RJ), líder do Solidariedade.

Em caráter reservado, outros líderes da base fazem coro às críticas de Lira à articulação política do governo. Na entrevista ao GLOBO, o presidente da Câmara afirmou que a relação com Padilha não é de “satisfação boa” e que a pasta dele “precisa se organizar”:

Carreras sugere que o governo faça uma “força-tarefa” para resolver as demandas do Legislativo. Entre as propostas discutidas na Câmara, mas descartadas por ora no Planalto, é que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, assuma parte da articulação política.

— O ministro (Padilha) não está atendendo à velocidade que o Parlamento precisa. Ele, na realidade, tem se portado como ministro do PT, e não da base aliada —disse o deputado Áureo Ribeiro (RJ), líder do Solidariedade.

Em caráter reservado, outros líderes da base fazem coro às críticas de Lira à articulação política do governo. Na entrevista ao GLOBO, o presidente da Câmara afirmou que a relação com Padilha não é de “satisfação boa” e que a pasta dele “precisa se organizar”:

À frente do Ministério de Relações Institucionais, Padilha tem concentrado decisões sobre liberação de emendas e de cargos. Integrantes da pasta estimam que 70% dos postos nos estados ainda não foram preenchidos por causa das disputas políticas.

“Máquina burocrática”

Para auxiliares do ministro, o desafio passa por acomodar demandas do PT, de legendas aliadas, como também de partidos que o governo tenta atrair para a base. O Planalto prevê que votações mais importantes devem ocorrer a partir deste mês, o que deve acelerar o atendimento aos pedidos de parlamentares.

No PT, aliados são mais comedidos ao criticar o trabalho de Padilha, mas admitem que há uma insatisfação na base. Reservadamente, cobram mais agilidade de Padilha.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), avalia que a cobrança se deve à lentidão do governo em atender às demandas dos parlamentares por liberação de emendas e cargos. Ele, no entanto, ponderou que essa morosidade não é culpa de Padilha, mas do “arcabouço político”.

—Todo início de governo é normal que essas tensões existam. Temos uma máquina burocrática que, às vezes, emperra uma nomeação, os ministérios que não abrem o credenciamento das emendas. Essa lentidão faz parte do arcabouço político. O sistema anterior tinha um modus operandi e nós tivemos que mudar tudo. E isso não se faz da noite para o dia —disse Guimarães.